| 12/01/2008 03h14min
A ex-refém das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) Clara Rojas, libertada nesta quinta-feira após quase seis anos de cativeiro, enviou uma mensagem de ânimo aos que continuam em poder dos rebeldes e afirmou que o seqüestro é um crime contra a humanidade.
— Coragem. Vocês estão nas nossas almas. Deus queira que recuperem a liberdade no menor tempo possível. Estaremos aqui para recebê-los — disse na sua primeira entrevista coletiva desde que recuperou a liberdade.
Nas declarações aos jornalistas, num salão do hotel de Caracas onde está hospedada, Clara Rojas relatou momentos de seu cativeiro, como sua gravidez e o nascimento de seu filho, Emmanuel. Além disso, também falou sobre os últimos dias antes da sua libertação.
Clara formava uma chapa com a ex-candidata à presidência colombiana Ingrid Betancourt, também seqüestrada pelas Farc em 2002. Ela contou que não viu o vídeo apresentado como prova de que a ex-companheira está viva,
divulgado recentemente, mas soube que nas
imagens a política franco-colombiana aparece acorrentada.
— Isso me dói profundamente. Eu me preocupo com a sua saúde e seu desânimo crônico — disse, sobre Ingrid.
Em seguida, expressou seu desejo de que ela seja libertada em breve, "da mesma forma que
todas as outras pessoas, algumas das quais estão doentes".
Sobre a proposta do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de se retirar as Farc das listas de grupos terroristas, Rojas respondeu que a organização "em princípio parece criminosa". Além disso, "mantém pessoas seqüestradas", o que constitui "um crime contra humanidade", acusou.
— Eles se dizem parte de um Exército do povo, mas mantêm pessoas seqüestradas. O seqüestro é uma violação total da dignidade humana — criticou.
Clara também relatou que em janeiro de 2005 foi separada de Emmanuel, o seu filho que nasceu na floresta em 16 de abril de 2004. Sobre o pai, um
guerrilheiro, disse não saber nada. Apenas acredita que ele morreu de leishmaniose,
doença provocada por um parasita.
A refém pediu aos chefes guerrilheiros das Farc que entregassem a criança à avó, em Bogotá, através do Comitê Internacional da Cruz Vermelha. Mas "nunca mais" teve notícias dele até dezembro, quando soube pelas emissoras de rádio que seria libertada com ele e com a
ex-congressista Consuelo González de Perdomo.
Depois, no dia 31 de dezembro, soube das declarações do presidente colombiano, Álvaro Uribe, afirmando que o menino se encontrava sob os cuidados de um órgão assistencial colombiano.
Clara disse que ainda não decidiu com seus parentes quando voltará a Bogotá. Ela revelou que falou por telefone com a diretora da instituição onde está Emmanuel. O reencontro com seu filho possivelmente acontecerá ainda em janeiro.
Segundo a funcionária, o processo de adaptação será "fácil", já que o menino é "feliz, doce e amoroso, e se desenvolveu graças à atenção integral de um lar
substituto". EFE
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