| 29/12/2007 08h02min
(Luiz Zini Pires - interino)
No país do paranaense de família colorada, Rogério Ceni, o melhor goleiro com passaporte brasileiro é carioca, joga na Europa e é top de linha. Júlio César é tão bom que exportou Toldo, um dos dois melhores goleiros italianos, ao imprevisível banco de reservas da Inter. E olha que a fábrica de goleiros local é a mais completa do mundo e seu mestre atual é Buffon, da Juventus.
Os paulistas cogitaram pilotar e turbinar a campanha nacional que exigiria Ceni na Seleção. Júlio César detonou o movimento em novembro passado, ao fazer uma partida de Gordon Banks no Morumbi contra o Uruguai. Ninguém mais escala Ceni na Seleção Brasileira hoje, nem ele mesmo. Dunga não pode chamar um goleiro com mais de 30 anos só para treinar e assistir ao time do banco. Reserva trintão é problema. Quer jogar.
Enquanto parte de Milão, o Brasil e o mundo têm certeza que Júlio César é o número 1, a outra
metade da capital do norte industrial italiano clama pela
cabeça de outro brasileiro. Dida, ex-Seleção, campeão do mundo, perdeu a unanimidade da pequena área. Repete a má fase de 2006, embora titular na Copa da Alemanha. Dida tem substituto mais ou menos definido, Boruc, do Celtic.
No Brasil de Ceni, da Seleção de Júlio César que já foi de Dida, o goleiro da moda é Felipe, um dos 11 do Corinthians que atolou na pantanosa Segundona. Foi o único sobrevivente da tragédia. O único valorizado 27 dias depois, capaz de gerar uma oferta de R$ 3 milhões do Fluminense, mais os direitos federativos de Fernando Henrique, e um salário de R$ 130 mil - contra seus R$ 30 mil, que após a oferta pularam para R$ 80 mil.
Goleiro é cargo de confiança de treinador, mas a torcida não agüenta três falhas seguidas, como a do vaiado Dida no clássico entre Milan e Inter (1 a 2). Nem no Rio Grande do Sul as vagas embaixo do gol estão resolvidas. Na dupla mais famosa, Renan e Marcelo recebem uma rara segunda chance. Não haverá
terceira.
Ao contrário do Brasil, a
terra de Gordon Banks, antiga reprodutora de perfeitos goleiros, a Inglaterra não se entusiasma com os seus. Os três últimos, Scott Carson, Paul Robinson e David James, jogaram, falharam e envergonharam a camisa. Os quatro maiores times do país, Manchester United, Liverpool, Arsenal e Chelsea chamaram goleiros estrangeiros - mesmo seus reservas são de fora. O do Arsenal, Manuel Almunia, 30 anos, nasceu na Espanha, pede nova cidadania e se candidata ao posto no English Team. Fabio Capello quer vê-lo mais. Nem precisa. Não há outro(s), ao contrário do Brasil que nunca teve tão bons goleiros no ocaso de Dida.
Fórmula Mano Menezes
A tática deu certo em parte dos últimos 31 meses. Buscar jogadores baratos, experientes, bons, mesclá-los com jovens da base. Em 2005, Anderson empurrou o time, depois foi Lucas, então chegou Carlos Eduardo. Os de casa fizeram a grande diferença, depositaram
qualidade, tanto que os europeus vieram buscá-los. No Olímpico de
2008, sem Mano, com a novidade Vagner Mancini, o Grêmio precisa ousar. Não é todo o ano que o clube gera um Anderson. Mas jogadores do porte dele, da sua competência, fazem falta todos os dias. Sem dinheiro, a fábrica de craques precisa trabalhar 24 horas, gerar novos Lucas e Carlos. Eles são a solução. A fórmula Mano Menezes é passageira e nem sempre anima.
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