| 12/12/2002 17h20min
O deputado federal eleito pelo PSDB de Goiás e ex-presidente mundial do BankBoston Henrique Meirelles foi anunciado no final da tarde desta quinta, dia 12, pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, como futuro presidente do Banco Central.
O pronunciamento ocorreu na Granja do Torto, em Brasília, onde estiveram reunidos durante a tarde, além de Lula e Meirelles, o futuro ministro da Fazendo, Antonio Palocci, o presidente do PT, José Genoino, e o coordenador político da equipe de transição, José Dirceu.
Lula também aproveitou o pronunciamento para oficializar Palocci como futuro ministro da Fazenda e José Dirceu como ministro-chefe da Casa Civil. Na última terça, dia 10, em entrevista no Clube Nacional de Imprensa, em Washington, Lula já havia dito que Palocci seria o responsável pela condução da economia em seu governo, entretando, o anúncio oficial de seu nome como titular da pasta e de José Dirceu só foi feito nesta quinta.
O presidente eleito elogiou o comportamento do atual presidente do Banco Central, Armínio Fraga, na condução da transição no BC.
– Ele (Fraga) fez um esforço para manter a diretoria do banco até que o novo presidente possa fazer o remanejamento – observou.
Lula garantiu que a partir da próxima semana será conhecido todo o ministério de seu governo. Ele afirmou que a equipe está praticamente pronta, faltando apenas alguns ajustes, e ainda provocou os jornalistas que acompanhavam o pronunciamento:
– Aí vamos ver qual o jornalista que acertou mais. Ainda não sei qual é, mas quem sabe este jornalista ganhe um prêmio meu – disse o presidente eleito, numa referência às especulações sobre a composição do ministério.
Logo após o anúncio dos nomes, Meirelles, Palocci e Dirceu concederam uma entrevista coletiva.
Meirelles destacou que, ao aceitar o convite, está voltando para o seu "habitat natural" que é o mercado financeiro.
– Depois de 30 anos no mercado, a maior parte dele no Brasil, eu estava me aventurando na política – disse.
O futuro presidente do BC disse que terá como meta a redução da inflação. Ele afirmou que, para isso, a atual situação econômica do Brasil é absolutamente viável e que os fundamentos da economia brasileira são sólidos. Meirelles, no entando, não quis adiantar medidas que serão tomadas à frente do BC antes de ser sabatinado pelo Senado, o que deve ocorrer já na próxima semana.
José Dirceu também fez um rápido pronunciamento, no qual agradeceu a Lula e ao PT a possibilidade de atuar como ministro-chefe da Casa Civil.
– Vou dar o melhor de mim para realizar o que assumimos nas eleições – garantiu.
Dirceu destacou as recentes vitórias do próximo governo, se referindo à aprovação no Congresso da minirreforma tributária e da Lei Kandir. O partido assegurou uma receita orçamentária de aproximadamente R$ 2 bilhões para o primeiro ano do governo com a aprovação da prorrogação da alíquota de 27,5% do Imposto de Renda de Pessoas Físicas e da manutenção da alíquota de 9% da Contribuição Social Sobre o Lucro Líqüido (CSLL). Esses dois itens constavam da Medida Provisória 66, cujo texto principal, que prevê o fim da cumulatividade do PIS/Pasep sobre as várias esferas de produção, já havia sido votado e aprovado nessa terça.
Já o futuro ministro da Fazenda, Antonio Palocci, disse ser uma horna assumir a pasta a partir de 1º de janeiro. Bem-humorado, Palocci lembrou que a construção da equipe de Lula já custou um cargo de prefeito (Palocci renunciou à prefeitura de Ribeirão Preto para coordenar a equipe de transição) e um de deputado federal (numa referência a Meirelles):
– Isso significa que estão sendo chamadas pessoas que realmente possam dar conta da responsabilidade.
Meirelles (D) deverá ser sabatinado pelo Senado na próxima semana
Foto:
Wilson Dias
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Agência Brasil
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