O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), classificou o encontro com o presidente norte-americano, George W. Bush, como excepcional. Lula foi recebido na Casa Branca às 9h50min (horário local) desta terça, dia 10. A reunião, prevista para durar entre 30 e 40 minutos, se estendeu por cerca de uma hora. Lula adiantou que as relações econômicas entre Brasil e Estados Unidos foram o tema principal no encontro. No entanto, o presidente eleito não detalhou se falou com Bush sobre a Área de Livre Comércio das Américas (Alca).

O petista afirmou que o Brasil precisa ter relações mais ousadas com os EUA, também em áreas como política e cultura,  e que debateu o tema com Bush. Segundo ele, o presidente dos EUA foi cordial durante o encontro e propôs uma reunião de cúpula ainda em janeiro entre os governos norte-americano e brasileiro para tratar de relações bilaterais. Lula também disse a Bush que o Brasil deve aperfeiçoar o relacionamento com outros países da América Latina.

Assim que iniciou o encontro entre Lula e Bush, o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, afirmou que seriam tratadas questões como economia, segurança regional, comércio bilateral e o fortalecimento das relações entre os dois países. O coordenador-geral da equipe de transição de governo, Antonio Palocci, o deputado e senador eleito Aloizio Mercadante (PT-SP), a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, e o porta-voz de Lula, o jornalista André Singer, que integram a comitiva brasileira em Washington, também participaram da reunião, realizada no Salão Oval da Casa Branca, local símbolo do poder presidencial norte-americano. O embaixador do Brasil nos EUA, Rubens Fonseca, que cuida da agenda de Lula no país, declarou a importância de o presidente eleito ser recebido no Salão Oval, privilégio não conferido nem mesmo a Tancredo Neves, que em 1985 foi recebido por Ronald Reagan na Casa Branca.

Assim que deixou a Casa Branca, Lula e sua comitiva seguiram para a sede do National Press Club (Clube Nacional de Imprensa), onde o presidente eleito será recebido para um almoço. Lula será homenageado por cerca de 400 convidados de diversas entidades. Segundo Barbosa, o número de convidados para o evento supera o da homenagens semelhantes, inclusive a conferida à ex-primeira dama dos Estados Unidos, Hillary Clinton. Durante almoço com jornalistas norte-americanos, Lula aproveitará para detalhar os projetos que pretende implementar a partir de 2003 no Brasil, com ênfase no programa Fome Zero.

Lula ainda tem encontro com a direção da Federação Americana do Trabalho – Congresso de Organizações Industriais (AFL-CIO, sigla em inglês), uma central sindical que representa mais de 13 milhões de trabalhadores norte-americanos e depois com o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Enrique Iglesias.

À noite, Lula se reúne com parlamentares norte-americanos na embaixada brasileira e, em seguida, com Robert Zoellick, representante comercial (cargo equivalente ao de ministro do Comércio Exterior) dos Estados Unidos. Na quarta, Lula segue para o México, onde se encontra com o presidente Vicent Fox.