| 06/12/2002 02h11min
Em um sinal de acirramento da crise política na Venezuela, o presidente Hugo Chávez enviou ontem navios de guerra para controlar a rebelião em petroleiros da empresa estatal de petróleo comandados por opositores de seu governo.
Chávez também prometeu usar a força militar para manter funcionando a indústria petrolífera do país - a quinta maior do mundo -, já ameaçada pelo quarto dia de greve geral. A Venezuela produz 2,49 milhões de barris por dia.
A greve não tem prazo para acabar. A adesão à paralisação de vários capitães de embarcações da estatal de petróleo PdVSA pode provocar atrasos nas entregas do produto venezuelano. Ontem, em um pronunciamento em rede de rádio e TV, Chávez afirmou que as exportações não serão afetadas, apesar de %26quot;setores desestabilizadores%26quot; - como o presidente definiu - terem enfileirado caminhões em frente à PdVSA.
A tripulação do petroleiro Pilín León ancorou o navio, que transporta 280 mil barris de combustível, no canal em
frente à cidade de
Maracaibo. O comandante da embarcação, capitão Daniel Alfaro, afirmou que a paralisação era uma mostra da indignação da tripulação com o governo. No final do dia, a marinha assumiu o controle do navio.
Comandantes de outros cinco petroleiros também decidiram ficar parados, em vez de entregar seus carregamentos. Chávez classificou a atitude de %26quot;ato de pirataria%26quot; e recorreu ao pronunciamento para responder às manifestações promovidas por milhares de opositores, que realizam protestos em 11 cidades. Segundo o presidente, os organizadores do protesto são %26quot;golpistas%26quot; que estão tentando derrubá-lo mais uma vez.
- Cada vez que esses setores convocam uma greve é porque têm um punhal escondido. Assim foi em 11 de abril, quando convocaram uma greve que fracassou e que era apenas uma máscara do movimento golpista - disse.
Postos de gasolina do país
começam a ficar sem combustível
No
quarto dia de greve nacional, as atividades de três unidades de
produção de gás - importante para o processo de refino de petróleo - foram interrompidas. Apesar de o governo seguir afirmando o contrário, o bloqueio afetou seriamente as atividades de refino, de acordo com uma fonte que pediu para não ser identificada. Alguns postos de gasolina do país estão sem combustível.
Entre os idealizadores dos protestos desta semana destacam-se as duas maiores organizações sindicais e empresariais do país - as mesmas responsáveis pela greve geral que, em abril, resultou no afastamento de Chávez do poder por 48 horas.
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