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 | 04/08/2007 21h59min

Paulo Turra: muita vontade atrapalha

Capitão diz que ansiedade e falta de concentração são problemas no time

Juventude. Está aí a palavra que tem "atuado contra" o Avaí nesta Série B. Pelo excesso de vontade, ansiedade e falta de concentração, normais da fase, o time ainda escorrega em alguns momentos. A explicação é do capitão Paulo Turra. Veterano no futebol, aos 33 anos ele não usa o argumento como desculpa, nem "ataca" os companheiros uma década mais novos. Turra é consciente:

– É um time de jogadores jovens, com muita vontade de acertar e desejo de fazer logo acontecer – afirma.

O zagueiro não duvida da qualidade da equipe. Acha que o Avaí precisa encaixar uma série de vitórias para ganhar confiança. E tudo fica mais complicado sem a presença de Alfredo Sampaio no banco – o técnico está suspenso pelo STJD pela expulsão contra o Gama.

Mais do que nunca, Turra terá de desempenhar seu papel de liderança. Porém, um bom capitão só se sustenta e alcança as honras com a eficiência no campo de batalha. Confira abaixo a entrevista concedida pelo jogador ao Diário Catarinense:

DC - No último jogo, a gente viu que você estava tentando acertar o time e parecia meio chateado. O que você falava tanto para os seus companheiros?

Paulo Turra - Eu não estava chateado. Dentro do meu papel de capitão e jogador mais experiente, estava tentando organizar, e para o pessoal da frente ouvir, não dá para falar, tem de gritar. Eu pedia para que segurassem mais a bola, e o último passe, que foi nosso problema, estávamos errando muito e eu falava para ter mais calma, para conseguir sair do campo de defesa e ter mais domínio da bola. Infelizmente, não conseguimos, mas não foi por falta de empenho.

DC - O que aconteceu então?

PT - É um time de jovens, com muita vontade de acertar e desejo de fazer logo acontecer. Às vezes, a gente precipita o passe. Nem sempre precisa tocar para frente, toca para o lado, segura o jogo, volta um pouco. O importante é ficar com a bola. Mas são jogadores que ainda não têm uma experiência grande e, na Série B, onde os espaços são poucos, é mais complicado.

DC - Então é menos uma questão técnica e mais um fator emocional e psicológico?

PT - Acredito que sim. Discordo um pouquinho das pessoas que falam que nossa equipe não tem qualidade, que com esse time a gente não vai chegar lá. Convivo todos os dias com esses jogadores e vejo que nosso time tem qualidade sim. Claro que não é uma equipe experiente, então é complicado exigir que um cara com 20, 21 anos chame a responsabilidade, tenha um nível de concentração forte todo jogo, todo campeonato. Eu, como capitão, falo muito com os guris. O professor fala, quem tem mais experiência fala. Mas sabe que não é de um dia para o outro que vamos consertar.

DC - Nesse ponto, até quanto pesa o Alfredo Sampaio não estar na beira do campo?

PT - Claro que a gente sente. O Neguinho (auxiliar técnico) procura fazer o melhor possível, mas treinador é treinador e o Alfredo é uma pessoa que conversa muito com os jogadores. Ele faz um lado psicológico muito bom e é claro que a gente sente de não estar ali. Não é a mesma coisa olhar lá de cima e passar a informação para o auxiliar e o auxiliar passar para a gente.

DC - O que tem sido treinado que no jogo não se repete?

PT - É complicado falar. A gente trabalha muito as jogadas ensaiadas, mas é isso que falo: a nossa equipe é jovem, necessitaria de mais tempo para trabalhar, de ter um melhor entrosamento. É uma equipe que está sendo montada dentro do campeonato. Mas, claro, se a gente está aqui, a gente tem de saber que tem essa carga e temos de suportá-la. Como qualquer equipe, porém, vamos oscilar. Necessitamos mesmo ter uma seqüência de três, quatro vitórias. Conversamos nas palestras, principalmente antes dos jogos, para fazer as jogadas. Mas, na hora, a vontade de fazer as coisas darem certo é tão grande que o pessoal acaba se esquecendo de fazer. É muita vontade de querer acertar e, nesse momento, acaba atrapalhando.

DC - Como está o clima do grupo? Existe algum problema entre os jogadores do clube e da parceria?

PT - Podem pensar que é papo. Claro que se tivesse alguma coisa, não iria falar. Mas posso te afirmar que nosso grupo é espetacular. É muito difícil ter problemas com disciplina e horários. A gente sabe da responsabilidade e queremos fazer as coisas corretas. Não tem problema de brigas internas, ciuminhos, não tem antipatia com o comandante, treinador ou diretor. Isso eu posso te garantir com 100% de certeza.

GUSTAVO JAIME/DIÁRIO CATARINENSE
 
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