| 04/06/2007 14h58min
Colega de Jomarcelo Fernandes dos Santos, controlador apontado pelo Ministério Público (MP) como um dos principais responsáveis pelo acidente com o avião da Gol, Carlos Eduardo Alves da Silveira disse que o software do Cindacta continua fazendo a mudança automática de nível das aeronaves, o que teria confundido os controladores no dia do acidente que matou 154 pessoas. Silveira faz parte do grupo de controladores de vôo que foi ao Congresso nesta segunda prestar solidariedade aos quatro colegas que prestam depoimento na CPI do Apagão Aéreo da Câmara.
O plano de vôo do Cindacta para o Legacy estabelecia que o jato deveria voar de São José dos Campos até Brasília a 37 mil pés. A partir de Brasília, desceria para 36 mil. Mas o Legacy se manteve nos 37 mil, altitude onde, em sentido contrário, vinha o Boeing da Gol.
– Todo mundo é igual a Jomarcelo, podia ter acontecido com qualquer um de nós e pode acontecer de novo porque o sistema continua fazendo a mudança automática de nível. Ontem aconteceu três vezes e, ao meu ver, isso foi o principal motivo que levou ao acidente – disse.
Para o MP, Jomarcelo cometeu um crime doloso. Ou seja, percebeu a iminência do acidente e não fez nada para evitar. Na sexta-feira, o juiz federal Murilo Mendes, de Sinop (MT), aceitou a denúncia do Ministério Público Federal contra os pilotos americanos do jato Legacy, Joe Lepore e Joseph Paladino, e os quatro controladores de vôo.
No início da sessão, os cerca de 20 controladores estavam na sala da CPI, mas tiveram que sair assim que começaram os depoimentos individuais dos quatro colegas, em sessão reservada. Eles se comprometeram a responder às perguntas dos parlamentares caso a reunião fosse fechada. Eles fazem um manifesto silencioso em defesa do colega, na porta da comissão. Em pé, trazem uma placa com o nome de Jomarcelo no peito.
Quando a sessão ainda estava aberta, o controlador Lucivando Tibúrcio de Alencar leu um manifesto responsabilizando os pilotos do jato Legacy e os equipamentos de controle de tráfego pelo acidente. No manifesto, os controladores dizem ser pessoas capazes, preparadas e dispostas ao trabalho, mas afirmam que estão sendo prejulgados e que não tiveram direito de defesa. Lucivando e Jomarcelo falaram ao Fantástico, neste domingo. Na entrevista, os dois controladores se dizem inocentes.
Além de Lucivando e Jomarcelo, depõem Felipe dos Santos Reis e Leandro José Santos Barros. A crise do setor aéreo no país começou no fim de outubro de 2006, depois que os controladores de vôos iniciaram protestos contra o afastamento de colegas para a realização de investigações sobre a tragédia.
Em outra frente de investigação, no Senado, depõem na tarde desta segunda-feira o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro-do-ar Juniti Saito, e o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, sobre a situação do sistema de controle do tráfego aéreo brasileiro. O comandante Célio de Abreu Júnior, representando o Sindicato Nacional dos Aeronautas, e o presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Plínio de Aguiar Júnior, também estão convidados para a reunião da CPI do Apagão no Senado.
AGÊNCIA O GLOBOGrupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2008 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.