| 23/05/2007 08h59min
Um levantamento mostra que a Polícia Federal repassou mais de R$ 70 milhões para a construtora Gautama. A maior parte do dinheiro foi para a execução de obras em prédios da própria PF. Dados do sistema de acompanhamento das contas do governo federal (Siaf) mostram que entre 2000 e 2007 a construtora Gautama venceu licitações no valor de quase R$ 510 milhões, mas só uma parte foi efetivamente paga.
A maior fatia dos valores pagos, segundo o Siaf, foi para obras da Polícia Federal. Foram R$ 71,6 milhões por obras em prédios da instituição, sobretudo em São Paulo e no Distrito Federal. O Departamento de Infra-estrutura do Ministério de Transportes (Dnit) pagou R$ 29,4 milhões e o antigo Dner, R$ 1,3 milhão para construção de pontes e estradas.
Curiosamente, é no prédio do Instituto Nacional de Criminalística, ampliado pela Gautama ao custo de quase R$ 16 milhões, que a Polícia Federal analisa parte da documentação apreendida na Operação
Navalha.
Um documento encontrado na sede da
construtora, segundo a polícia, tem uma lista de presentes e dinheiro doados para mais de 20 deputados, senadores e outras pessoas com foro privilegiado. A polícia afirma que, por conta desse documento, o inquérito poderá ser desmembrado. Essas pessoas devem ser investigadas pelo Supremo Tribunal Federal.
Por enquanto, toda a investigação continua no Superior Tribunal de Justiça. A ministra Eliana Calmon voltou a ouvir os acusados ontem. Todos eles estão sendo liberados depois de prestar depoimento.
Gravações feitas pela Polícia Federal mostram que Zuleido Veras, dono da Gautama, que continua preso, tinha interesse em atrasar o julgamento de um processo contra a empresa no Tribunal de Contas da União (TCU).
Ao ligar para o deputado federal Paulo Magalhães (DEM-BA), Zuleido parece saber com antecedência o que vai acontecer no TCU:
Zuleido: Estamos pedindo
vista.
Paulo: Tá bom.
Zuleido: Quem deve pedir é Nardes ou
coisa assim, tá? Ou então Guilherme. Tamos já na berlinda... mas vai ser resolvido, vai ser resolvido.
Horas depois da ligação, o ministro Augusto Nardes pediu vista. O ministro disse que não avisou ninguém da Gautama sobre a decisão que iria tomar.
- Aqui no tribunal, além do direito e o dever de pedir vistas do processo, é comum que os ministros que tenham um processo relevante solicitem vistas para avaliar a matéria. Agora, se alguém pode estar usando nomes de ministros, isso pode acontecer - defendeu-se o ministro do TCU.
O deputado Paulo Magalhães quer ter acesso às informações da polícia para se explicar.
- Eu vou apresentar minha defesa mostrando minha inocência - disse.
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