| 04/05/2007 09h27min
Um dos presos pela Operação Furacão, o procurador da República João Sérgio Leal fez mais de 40 ligações para acusados de integrar o esquema de venda de sentenças judiciais que beneficiaram donos de máquinas caça-níqueis. De acordo com investigações da Polícia Federal e do Ministério Público, o procurador seria responsável por repassar informações do MP a integrantes do esquema.
Em uma das conversas, Leal chega a chamar o ministro afastado do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Paulo Medina, também acusado de ligação com o esquema de venda de sentenças, de "primo". Em outra, o procurador fala com o advogado Alêxis Costa que, segundo a PF, é ligado a donos de bingos, sobre o recurso a uma decisão do desembargador Sérgio Feltrin, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, mantendo a apreensão de 900 máquinas caça-níqueis. Leal informa que o Ministério Público é contra a decisão de Feltrin, e que isso poderia ser levado ao conhecimento de Medina, relator do recurso no STJ.
Na época da conversa, o
grupo articulava para derrubar decisão de Feltrin, que havia revogado liminar concedida pelo desembargador José Eduardo Carreira Alvim liberando os caça-níqueis. Alvim também é investigado pela PF.
O advogado Ernesto da Fonseca, outro dos presos pela Furacão, afirmou em depoimento que Leal receberia R$ 5 mil mensais para passar informações à quadrilha. Fonseca e o juiz to Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Campinas Ernesto Dória foram os únicos a falar sobre o esquema à polícia, logo após serem presos. Também ouvido, Leal negou o recebimento de dinheiro e o fornecimento das informações.
Dória afirmou que o esquema foi montando em torno de Alvim, por meio de seu genro, Silvério Nery Jr. e do advogado Jaime Garcia Dias. No depoimento, o juiz teria dito que Alvim foi "iludido", mas que recebia de Dias "mordomias", como jantares e ingressos para o Carnaval. Dória ainda aponta o empresário Licínio Bastos, sócio de um bingo no Rio e também preso pela PF, como "o grande
mafioso dos bingos".
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