| 17/04/2007 14h49min
O ministro da Justiça, Tarso Genro, informou nesta terça-feira que a Polícia Federal vai investigar denúncias de irregularidades na Infraero. Ele negou, contudo, que a medida seja uma forma de tentar evitar a instalação da CPI do Apagão Aéreo. Tarso disse que a decisão sobre a CPI cabe ao Parlamento e que não há tentativa de impedir sua instalação. O ministro disse, inclusive, que a PF pode ajudar os parlamentares na investigação, caso a CPI seja instalada.
– A investigação da Polícia Federal não é para barrar a CPI, até porque quem decide sobre CPI é o Parlamento, de forma autônoma – disse Tarso, informando que a entrada da PF é conseqüência de suspeitas de irregularidades encontradas na Infraero pela Controladoria Geral da União (CGU).
Nesta terça, os líderes do Democratas (ex-PFL) vão defender, em reunião com o PSDB, que a CPI seja instalada apenas no Senado. O senador Agripino Maia (RN), líder do partido no Senado, disse ter o apoio do presidente do partido, deputado Rodrigo Maia (RJ), e do líder da bancada na Câmara, Onyx Lorenzoni (RS). A decisão do DEM é uma reação à intenção do governo de restringir as investigações à Câmara. Os deputados aguardam a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre uma liminar que pede a imediata instalação da CPI na Câmara.
– Minha opinião é de que a CPI deve ser instalada só no Senado. Claro que não vou decidir isso sozinho. Mas o fato é que aqui temos uma correlação de forças mais equilibrada entre governo e oposição – disse Agripino.
O líder do PSDB na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio (SP), no entanto, já avisou que os deputados tucanos não abrem mão do direito de participar dessa investigação. E diz que não vê lógica na instalação de duas CPIs para apurar a mesma coisa. Dividida, a oposição pode acabar beneficiando o governo, que não quer seu funcionamento no Senado.
– A CPI nasceu de um esforço da bancada do PSDB na Câmara. Colhemos assinaturas, fomos vítimas de manobras do governo e recorremos ao Supremo Tribunal Federal (STF). Não abrimos mão desse direito, ainda mais que a decisão do Supremo deverá assegurar um direito da minoria. Se a CPI da Câmara for instalada, não vejo lógica que as duas Casas se debrucem sobre o mesmo assunto – afirmou o líder tucano.
Durante todo o dia, os articuladores do governo, o líder José Múcio (PTB-PE) à frente, discutiram estratégias para abortar a apresentação do requerimento do DEM, que já tem 28 assinaturas, para criar a CPI no Senado. Diante de insinuações de que o PSDB paulista teria um acordo com o PT – para impedir, em contrapartida, uma CPI na Assembléia Legislativa de São Paulo para apurar o acidente nas obras do metrô – Pannunzio desmarcou um jantar com Múcio.
Nem por isso o PSDB pretende desmobilizar o esforço de coleta de assinaturas que garantem a criação da CPI no Senado, sem uma certeza de que as investigações na Câmara poderão fluir efetivamente. O requerimento seria guardado para uma eventualidade. Isso porque a bancada tucana, embora tenha apoiado por unanimidade a iniciativa na semana passada, não está muito entusiasmada com a possibilidade real de abertura de uma investigação na Casa.
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