| 09/03/2007 13h36min
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB - AL), cancelou uma reunião dos descontentes do partido, que deveria ocorrer nessa quinta-feira, conforme anunciado pelo ministro das Comunicações, Helio Costa. O encontro serviria para decidir o rumo dos senadores que apoiavam a candidatura do ex-presidente do STF Nelson Jobim à presidência do partido, mas a movimentação em direção à candidatura de Michel Temer (SP) tornou a discussão praticamente inútil.
Como divulgou o jornalista Ricardo Noblat em seu blog, dos 20 senadores do PMDB, 19 haviam decidido boicotar a convenção em solidariedade a Jobim, mas, nesta quarta, vários entraram na chapa de Temer. Além disso, Temer, atual presidente do PMDB, conseguiu incorporar seis dos sete governadores do partido à chapa única do Diretório Nacional para a convenção deste domingo. Com este movimento, ele praticamente isolou os adversários ligados ao presidente do Senado, articulador da fracassada candidatura Jobim ao comando do partido.
– Conseguimos montar uma chapa de muito valor, que engrandece o PMDB e nos encaminha para a unidade – disse Temer.
Depois da renúncia de Nelson Jobim, Temer conseguiu atrair para a sua chapa os governadores Eduardo Braga (AM), Marcelo Miranda (TO) e Sérgio Cabral (RJ), que estavam com o adversário. Temer já contava com o apoio de Paulo Hartung (ES), Luis Henrique (SC) e André Puccineli (MS). O governador do Paraná, Roberto Requião, não aceitou integrar a chapa única, mas indicou seu irmão Maurício Requião, ex-deputado, como representante.
Cabral disse que a formação da chapa é normal, e confirmou também a participação na convenção do partido.
– Nós não temos nenhuma rejeição a Michel Temer. Com a desistência do ministro, nós achamos que não há como os governadores ficarem de fora da direção do PMDB. Não podemos abrir mão de estar juntos, no nosso partido. Este auto-exílio não tem cabimento – afirmou o governador do Rio, em visita a projetos sociais em Belo Horizonte.
Apesar da aparente naturalidade, Sérgio Cabral deixou a entender que os governadores vão cobrar que o partido participe mais das discussões que considera importantes para o país.
– Este episódio serviu para ensinar que o PMDB tem que ter uma formulação para o país. Discutir temas como reforma política e criminalidade. O partido tem que estar ativo nestes debates com propostas. Não é possível o partido que possui o maior número de governadores, senadores, deputados e prefeitos não ter um projeto para o país – cobrou Cabral.
Segundo Temer, só não integram a chapa peemedebistas ligados diretamente a Renan Calheiros, ao ex-presidente José Sarney (AP) e ao deputado Jader Barbalho (PA), além do senador Jarbas Vasconcelos (PE).
– Temer será presidente de apenas uma parte do partido – afirmou Renan em conversa com jornalistas.
Numa reação à tentativa de boicote à convenção, o presidente do PMDB deflagrou uma estratégia de mobilização dos convencionais. Ao todo, são 564 os convencionais do partido. A soma dos votos é de 782, porque alguns têm direito a mais de um voto, por acumular funções e cargos. Para abrir a convenção, é preciso haver apenas 188 convencionais, mas a deliberação exige a presença de metade mais um do total dos convencionais (283).
Relacionamento com o governo
Os peemedebistas que apoiavam a candidatura de Jobim procuraram separar a divisão partidária do apoio ao governo.
– O governo não tem nada a ver com esta questão, não está inserido nesta disputa do PMDB, não tem se manifestado nesta posição – declarou o senador Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo na Casa.
Após uma reunião na liderança do PMDB no Senado, da qual participou também o ministro Silas Rondeau (Minas e Energia), Hélio Costa disse que a bancada peemedebista continuará apoiando o governo e que os problemas internos não prejudicarão a aprovação do PAC.
Se depender do senador José Sarney (PMDB-AP), aliado mais estratégico de Renan, o governo não precisa se preocupar com o comportamento dos senadores do partido.
– Essa é uma briga de partido. Não tem nada a ver com o governo. O PMDB sempre foi assim, cheio de altos e baixos – disse.
A senadora Roseana Sarney (AP) foi confirmada por Lula líder do governo no Congresso. Ontem, ela disse que a crise não era " incontornável " e negou haver boicote à convenção. Ela disse que sua indicação para a liderança não foi contestada pela bancada, assim como a de Romero Jucá.
O senador Jucá afirmou que, para o Executivo, o ideal seria que o partido permanecesse “unido, colaborando com o governo e ajudando o país”. Jucá considera que não será fácil chegar a um entendimento com a atual Direção Nacional do PMDB, por causa do tempo curto para a busca do entendimento. Entretanto, acha que o tempo político não segue o tempo cronológico.
– Eu acho difícil, hoje, este quadro, mas em política até o impossível acontece – afirmou.
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