| 10/02/2007 14h18min
O cessar-fogo entre os petistas, pregado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante as comemorações dos 27 anos do partido, não desarmou o grupo que defende a rediscussão do programa e das bandeiras históricas do PT. Doze horas depois do discurso do presidente, a corrente tornou oficial neste sábado a mensagem que sugere aos militantes e filiados a refundação do partido para resgate de valores históricos, como a ética. A governadora do Pará, Ana Júlia, disse que o presidente foi infeliz no discurso, porque nele reprovou o debate e as divergências.
– Não deixo de ser uma militante lulista, mas acho que não foi o mais adequado para o momento. Desestabilizar o debate interno não é a melhor proposta no momento que o PT se prepara para um terceiro congresso. Nosso maior patrimônio é a capacidade de bater e construir a unidade. Esse debate amplo, onde não se constitua um novo Campo Majoritário, nós não queremos outro Campo Majoritário. Nós queremos que o Partido dos Trabalhadores
esteja a altura
do desafio de colocar para o país uma nova agenda e um novo modelo de desenvolvimento.
O deputado federal José Eduardo Martins Cardoso declarou que a unidade pedida por Lula não pode limitar o partido. Que essa unidade pressupõe justamente ousadia para mudanças:
– Ser companheiro significa lutar junto para manter a coesão daquilo que você defende. Mas ao mesmo tempo significa respeitar o outro, ouvir o outro, respeitar a divergência. Se um batalhão que está numa guerra recebe uma ordem, necessariamente os soldados não devem se chamar de companheiros se eles não tem o mesmo objetivo, os mesmo métodos, a mesma prática, a mesma reflexão. Companheiros são aqueles que estão num batalhão, receberam uma ordem, mas discutiram essa ordem, compartilham dos métodos e das ações. Portanto acho que o PT tem que ser um um partido forte, unido, mas sedimentado em cima de uma discussão forte, onde pensar e dizer não pode ser um crime.
Um dos homens de frente na
elaboração desse documento que pede a
refundação do partido, o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, disse que o presidente Lula apenas manifestou no discurso publicamente a preocupação para que o partido não se divida e não perca a visão estratégica. Segundo Tarso, o discurso do presidente apenas estimula o debate, e não contrário:
– Acho que a fala do presidente estimula o debate, centrando o futuro do partido num objetivo estratégico. Essa visão que ele colocou, e que é muito clara para nós todos, de que ele não vai arbitrar as contendas do partido é essencial.
Após o lançamento oficial desta mensagem que pede mudanças programáticas e praticamente a refundação do PT, foi formada uma comissão de tese, que visa trabalhar em cima desse documento que será discutido profundamente durante o 3º Congresso Nacional do PT. O congresso será no mês de julho, em Brasília.
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