| 02/02/2007 11h45min
A União Européia (UE) planeja abrir uma cota de importação de 200 mil toneladas de açúcar branco, livre de tarifa, para atender unicamente a indústria química dos 27 países-membros. A comissária européia de Agricultura, Marian Fischer Boel, quer aprovar a cota na quinta que vem, no comitê gestor do regime açucareiro europeu.
– O Brasil tem todas as condições de abocanhar a maior parte da cota – diz um técnico europeu, lembrando que India e Austrália estarão também na espreita.
Essa cota é excepcional, porque a UE tem excedente de três milhões de toneladas no momento, e o açúcar é uma das commodities com maior proteção, com tarifas de importação proibitivas. Produtores europeus reclamam que se trata de decisão "puramente política" de importação inclusive com tarifa zero, e mostram-se irritados com Bruxelas.
De fato, a UE abriu a possibilidade de a indústria química comprar açúcar pelo preço mundial. Ocorre que a indústria afirma precisar importar, por ser impossível encontrar o produto na Europa pela cotação de US$ 337 por tonelada.
Basta ver a diferença: por uma tonelada do produto europeu, a indústria precisa pagar US$ 823, dos quais US$ 657 vão para o produtor e os outros US$ 164 para a UE como taxa que indenizará os que abandonam o setor. Produtores europeus insistem que ainda haverá "briga" até que Marian Fischer Boel, consiga aprovar a cota, na semana que vem.
Esta semana, a União Européia anunciou que faria uma "retirada significativa" de açúcar do mercado para evitar um excedente dos estoques. A princípio, a UE recomenda uma redução temporária de pelo menos 2 milhões de toneladas, o que significa corte de 12% da cota.
Uma parcela do açúcar produzida no atual ano de comercialização terá de ser abatida da cota 2008/09 ou ser vendida como açúcar não-pertencente à cota para uso industrial, como a produção de bioetanol.
Os produtores de açúcar do velho continente se ofereceram para reduzir a produção em 700 mil toneladas este ano, volume inferior ao corte previsto de 5 milhões de toneladas.
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