| 23/09/2002 17h42min
Nada está decidido sobre quem disputará o segundo turno das eleições para Presidente da República, apesar dos resultados de pesquisas de intenções de voto. A avaliação é de Roberto Freire, presidente nacional do PPS e um dos coordenadores da campanha de Ciro Gomes, presidenciável da Frente Trabalhista (PPS-PDT-PTB).
– Ainda analiso que há chances de uma disputa de Ciro no segundo turno – disse Freire, contrariando as últimas sondagens eleitorais que apontam Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e José Serra (PSDB) como os prováveis candidatos para o segundo turno na corrida presidencial, se Lula não vencer já em 6 de outubro.
Para o senador do PPS, que concorre agora a uma vaga na Câmara dos Deputados, a cerca de 15 dias para a realização do primeiro turno, o eleitorado ainda pode perceber que Ciro representa a verdadeira oposição ao modelo econômico dominante. Na opinião dele, os brasileiros tendem a posições mais definitivas na reta final da votação.
Em sua análise, o candidato também já teria atravessado o período mais delicado da campanha que, segundo ele, consistiu em uma visibilidade além da necessária para algumas adesões a Ciro de representantes de lideranças polêmicas e controversas, entre elas a do ex-senador baiano Antônio Carlos Magalhães.
– Ele renunciou ao mandato de senador porque havia uma pressão grande na sociedade para que fosse cassado, então era uma figura polêmica e talvez tivéssemos de analisar melhor sua declaração de voto. Eu acho que esta adesão não nos ajudou – declarou Freire, referindo-se à renúncia de Antônio Carlos Magalhães no ano passado após um escândalo associado ao painel de votação do Senado.
Com relação a ataques da campanha de Serra ao presidenciável da Frente Trabalhista com a utilização de imagens do próprio Ciro, Freire acredita que houve um erro estratégico por não responder aos tucanos na mesma intensidade.
– Nossa reação também demorou.
Na lista de erros de campanha na avaliação de Freire inclui-se a frase de Ciro sobre o papel de sua mulher Patrícia Pillar na campanha, apesar de destacar que se tratou "de uma brincadeira mal interpretada''.
Desde a semana passada, a mídia vem realçando críticas de Freire à proposta do PT para um eventual governo do país. Ele salientou, contudo, que não há novidade no posicionamento. Entre os antagonismos, Freire mencionou `"ma visão tremendamente obscurantista do PT em relação ao avanço da ciência'', ao representar "talvez" o pensamento da igreja.
Outro aspecto, segundo ele, é que os petistas defendem políticas compensatórias que, no entender da esquerda simbolizada pelo PPS, são neoliberais.
– E é muito forte, tão forte que, quando o governo Fernando Henrique utilizou alguns desses programas, retirou do PT algumas de suas bandeiras. Exemplos concretos disso são (o programa de) renda mínima e bolsa-escola.
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