| 24/01/2007 22h09min
A primeira decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central este ano, de reduzir a taxa básica de juros da economia em 0,25 ponto percentual, dividiu opiniões entre empresários da indústria e do comércio, sindicalistas e economistas, apesar de já ser esperada pelo mercado financeiro. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, lamentou a dimensão do corte. Segundo ele, com o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), "um movimento mais conservador da redução da taxa de juros pode ser um sinal invertido em relação a tudo que o governo pretende para criar um ambiente favorável à aceleração do crescimento”.
– Se há uma percepção de que o ambiente macroeconômico do país está equilibrado, se não existem pressões inflacionárias de curto prazo, havia espaço para uma redução de, no mínimo, 0,5 ponto percentual na taxa de juros – queixou-se, em nota divulgada pela CNI.
No Rio, a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) emitiu nota afirmando que a continuidade da redução das taxas de juros da economia é essencial para o crescimento econômico proposto pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A entidade aproveitou ainda para cobrar mudanças nos gastos públicos, como uma forma de viabilizar a redução da carga tributária.
A Fecomércio-RJ também se posicionou, salientando que o corte deveria ter sido maior. Por meio, também, de uma nota, o presidente da entidade, Orlando Diniz afirmou que a Fecomércio-RJ vê, no PAC, "o direcionamento em prol de um ambiente mais amigável aos negócios, e entende que, por isso, a política monetária deveria ter referendado esse novo passo com uma queda maior da Selic".
– Essa rigidez na condução na política monetária e o esforço fiscal de nada adiantam enquanto não houver melhoria na eficiência dos gastos públicos. Nesse quesito e em tantas outras questões fundamentais, como o gargalo da Previdência Social, o Programa tocou muito superficialmente. Por isso, fica muito difícil acreditar que o país crescerá 4,5% ainda este ano – acrescenta o documento.
Para o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, a queda de 0,25 ponto "é um banho de água fria no morno PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
– Com a decisão, mais uma vez o governo frustra os anseios dos trabalhadores com um tímido corte na taxa básica de juros – diz o dirigente.
Segundo o sindicalista, é impossível que o país cresça 4,5% neste ano, como pretende o governo, "com esse excesso de conservadorismo e com uma taxa de juros nesse patamar". O dirigente sindical lamentou, ainda, que o Brasil continue com o triste título de “campeões mundiais” da taxa de juros.
Para o conselheiro econômico da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Istvan Kasznar, a medida adotada pelo Copom foi acertada e condizente com a realidade atual da economia. Kasznar ressaltou que, pelo momento que vivem as economias emergentes e principalmente o Brasil, ainda era bastante plausível a queda da taxa de juros. Mas o economista ressaltou que a forte pressão por crescimento que vem por aí, vai tornar a missão do BC muito mais complicada nos próximos meses:
– Por isso, creio que os juros, no final de 2007, fiquem em torno dos 13,5%.
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