| 12/01/2007 11h07min
A BR Distribuidora e a empresa gaúcha Alsol firmaram ontem parceria para implantar um projeto de produção de álcool no Estado. Diferentemente do que ocorre em São Paulo e no Nordeste, onde predominam grandes usinas, no Rio Grande do Sul o combustível seria produzido por agricultores familiares em microdestilarias.
Atualmente, dos cerca de 500 milhões de litros de álcool consumidos anualmente no Estado, apenas 10 milhões – ou 2% – são fabricados em território gaúcho. Segundo o gerente-executivo de suprimentos da BR Distribuidora, Edson Chil, potencialmente os agricultores gaúchos poderiam produzir combustível para toda a demanda estadual. Se isso ocorresse, o preço do produto na bomba sofreria redução.
Devido ao frete, hoje, o litro custa em média 42% mais caro nos postos do Rio Grande do Sul do que nos de São Paulo.
– Além disso tem, claro, o aspecto social. Consideramos este um projeto cujos pilares são o ambiente e a fixação do homem no campo – acrescenta Chil.
Segundo os planos da Alsol, os agricultores familiares formariam grupos ou cooperativas e construiriam microdestilarias, entregando o álcool pronto. A participação da empresa gaúcha, que deve formatar um projeto global, ainda não está definida, mas poderia se dar no assessoramento dos empreendimentos ou por meio de parcerias com agricultores. A BR Distribuidora vai apoiar a Alsol e comprar o álcool produzido pelos agricultores.
– Fizemos o caminho inverso. Não temos um litro de álcool hoje, mas, antes de concluir o projeto, já temos para quem vender. Com isso podemos chegar às regiões e mobilizar agricultores – afirma o diretor da Alsol, Mauro Knijnik.
As duas regiões nas quais a empresa deve estimular a produção de álcool são Litoral Norte e Missões. Ambas estão incluídas no zoneamento agroclimático da cana-de-açúcar e usam a cultura para subsistência, alimentação animal ou, em menor quantidade, uso comercial. Atualmente, o Rio Grande do Sul tem 35 mil hectares plantados com cana. Desses apenas 2,4 mil são utilizados para fabricação de álcool, já que o Estado só tem uma usina, em Porto Xavier. A idéia da Alsol é mudar esse panorama.
– Potencial e clima adequado nós temos. Nos falta é tradição de produção em escala, conhecimento técnico e pesquisa – diz o agrônomo da Emater Alencar Ruggeri.
Além da Emater e de outras instituições de pesquisa, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura garante apoio ao projeto. O presidente da entidade, Ezídio Pinheiro, afirma que a recomendação é para que os agricultores usem a cana como um complemento para a renda:
– Não queremos mais uma monocultura na propriedade.
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