| 26/07/2002 17h07min
O ministro da Fazenda, Pedro Malan, afirmou na tarde desta sexta-feira, 26 de julho, que o governo brasileiro não está neste momento realizando negociações com órgãos internacionais, especialmente com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para a obtenção de empréstimos ou de fechamento de um acordo de transição. Durante toda esta sexta-feira, a expectativa de analistas era de que o ministro poderia anunciar um acordo com o FMI ou a adoção de novas medidas econômicas em razão das fortes turbulências que atingem o mercado financeiro. Malan descartou ambas as hipóteses, mas afirmou que o país mantém conversações com organismos internacionais e governos de países importantes, e que todos estes apóiam a condução da política econômica no Brasil. Disse que o país poderia obter apoio financeiro imediatamente, caso fosse necessário.
Segundo Malan, o grau de ansiedade registrado no mercado financeiro atualmente é excessivo. O ministro demonstrou confiança no fim da turbulência em âmbito doméstico e no cenário internacional. Segundo ele, os recentes escândalos contábeis ocorridos com grandes empresas norte-americanas e a proximidade das eleições à Presidência da República no Brasil são os principais responsáveis pelo nervosismo dos investidores. Afirmou, no entanto, acreditar que leis já aprovadas pelo Congresso dos Estados Unidos farão com que maquiagens financeiras de grandes corporações – a exemplo de Enron, WorldCom e Xerox – deixem de ocorrer.
Malan também discorreu sobre as dívidas externas do setor público e privado. Garantiu que não há por que se preocupar com os números. Segundo ele, tanto o governo quanto as grandes corporações brasileiros têm capacidade para negociar o pagamento das obrigações. E ressaltou que é perfeitamente possível honrar os compormissos assumidos a curto prazo (até um ano). Malan ainda destacou números relativos ao superávit comercial e comemorou os resultados positivos, lembrando de dificuldades atuais, como a redução das exportações para a Argentina (tradicional comprador dos produtos brasileiros), a diminuição dos preços de commodities e do baixo crescimento dos países desenvolvidos.
Sobre as preocupações internas, relativas especialmente à sucessão presidencial, Malan reafirmou a necessidade de se manter a serenidade. Segundo ele, o Brasil é uma democracia consolidada. Durante a entrevista coletiva, o ministro sugeriu que todos os candidatos que concorrem ao Palácio do Planalto irão manter a responsabilidade fiscal e monetária do país, além de honrar com os seus compromissos internacionais. Pergutado sobre o presidenciável que apoiaria, Malan não quis citar nomes, mas garantiu que é o mesmo candidato de Fernando Henrique Cardoso, em uma referência ao tucano José Serra.
Quanto à alta do dólar, que atingiu o quinto recorde consecutivo nesta sexta-feira e fechou cotado a R$ 3,013 para venda – superando os R$ 3 desde a implantação do Real – Malan afirmou que o governo não poderá fazer mágica para conter a escalada da moeda norte-americana.
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