| 27/06/2002 17h57min
A polícia argentina prendeu nesta quinta-feira, dia 27, 30 manifestantes que se dirigiam ao protesto contra o governo, previsto na Praça de Maio, em Buenos Aires. O ato, em repúdio ao governo, foi organizado por líderes de grupos de desempregados.
Segundo informações veiculadas pela imprensa argentina, os manifestantes foram presos no bairro de Liniers, enquanto se dirigiam para a concentração do protesto, que teve início às 16h na Praça de Maio. A polícia informou que confiscou coquetéis molotov, pedras e pedaços de pau.
A intenção dos organizadores era justamente protestar contra a violência de quarta-feira, quando dois manifestantes foram mortos (dois jovens de 21 e 25 anos) e mais de 90 ficaram feridos em confrontos com a polícia na região metropolitana de Buenos Aires. Os manifestantes que protestavam por emprego e comida tentaram bloquear a ponte Pueyrredón, uma das principais vias de acesso ao centro de Buenos Aires e tradicional alvo de protestos.
A polícia usou gás lacrimogêneo e disparou balas de borracha à queima-roupa para dispersar os manifestantes, que reagiram com paus e pedras. Cerca de 160 pessoas foram presas. Estes foram os primeiros protestos com mortes desde dezembro, quando uma onda de saques e manifestações violentas deixou um saldo de 29 mortos e acabou por derrubar o ex-presidente Fernando de la Rúa (1999-2001).
Tentando melhorar a imagem depois das mortes, a Justiça argentina ordenou ontem o seqüestro de cerca de 120 armas de policiais que participaram da repressão aos protestos. As autoridades também vão investigar se os tiros que mataram os dois jovens partiram de armas utilizadas pelos policiais.
Para evitar novas manifestações, o governo bloqueou o trânsito nas imediações da Casa Rosada e do Congresso Nacional. Segundo o chefe de Gabinete argentino, Alfredo Atanasof, "as forças de segurança atuarão em caráter preventivo, para evitar novos atos de violência". Ontem, o governo acusou grupos de piqueteiros radicais - formados por desocupados e argentinos pobres que bloqueiam as estradas do país de reivindicar a luta armada e de ter armado os protestos de quarta-feira. Conforme o secretário-geral da Presidência, Aníbal Fernandez, esses manifestantes têm um cronograma de hostilidades preparado até o dia 15 de julho. O secretário de Segurança Interior, Juan José Alvarez, também disse que, desde janeiro, o governo Eduardo Duhalde já enfrentou mais de 13 mil atos contra a ordem pública em todo o país, 1,1 mil dos quais aconteceram em Buenos Aires, e não houve sequer um ferido. Algo mudou na atitude dos manifestantes, que foram armados de paus e pedras para enfrentar a polícia, disse Alvarez.
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