| 22/05/2006 13h48min
Os clubes Roma e Lazio foram envolvidos nos escândalos de suposta fraude esportiva, depois que dois promotores de Roma acusaram as entidades de fraudar os balanços financeiros e entregaram hoje a documentação, passo prévio ao pedido para que seus presidentes sejam processados.
Segundo a imprensa local, fontes judiciais informaram hoje que os promotores Luca Palamara e Maria Cristina Palaia pedirão nos próximos dias que o proprietário do Roma, Franco Sensi, e o ex-presidente da Lazio Sergio Cragnotti sejam processados por falsificação de balanços do exercício 2001/2002.
O Roma, que ganhou o Campeonato Italiano na temporada 2001/2002, é acusado de ter omitido o lucro obtido pelos direitos do jogador Hidetoshi Nakata, equivalente a 13,8 milhões de euros.
Nakata é o caso mais evidente, mas a promotoria também viu supostas irregularidades nos lucros gerados por transferências e cessões de outros 22 jogadores.
A Lazio, que ganhou o Campeonato em 1999/2000, é acusado de não ter informado o lucro obtido na transferência do meia argentino Juan Sebastián Verón, equivalente a 20,58 milhões de euros.
O escândalo também atingiu o Milan e a Inter. O promotor Carlo Nocerino pediu hoje um relatório técnico especializado para estabelecer os critérios de avaliação com os quais se determinou o valor de alguns jogadores dessas equipes, diante da suspeita de que foram falsificados na hora de incluí-los nos balanços anuais.
No olho do furacão, Luciano Moggi, ex-diretor-geral da Juventus, acusou o conselheiro delegado do Milan, Adriano Galliani, de tê-lo traído e de ser quem trouxe o escândalo à tona. Moggi é investigado por formação de quadrilha destinada à fraude em competição esportiva e é considerado um dos cérebros das supostas fraudes.
– Maldito o dia em que me reuni com Silvio Berlusconi (ex-primeiro-ministro e dono do Milan) – afirmou Moggi em entrevista à Gazzetta del Sud. Moggi afirma na entrevista, publicada hoje, que Berlusconi quis contratá-lo e que Galliani, que não queria isso, fez com que o escândalo das supostas pressões sobre os árbitros viesse à tona através de grampos telefônicos.
Moggi contou que se reuniu com Berlusconi em setembro do ano passado e que ele propôs que fosse trabalhar no Milan. O dirigente do Juventus disse a ele que pensaria na proposta e Berlusconi contou tudo a Galliani.
– Galliani não gostou disso – assegurou Moggi.
– E o que são as coisas, duas semanas depois da reunião chegaram à Federação de Futebol os documentos das promotoria de Turim e Nápoles com grampos telefônicos sobre mim e outras pessoas ligadas ao futebol – acrescentou Moggi.
Moggi também atacou o ex-presidente da Federação Franco Carraro, que teria sido informado de tudo por Galliani. Moggi assegura que fizeram uma armadilha para ele.
O diretor da Juventus assegurou que o mundo do futebol vive de lógicas e interesses impiedosos, e jogou a culpa da situação aos poderes econômicos que administram os direitos televisivos.
– Me mataram e a este ponto prefiro ter um julgamento imediato a ser maltratado desta forma – ressaltou Moggi, que reiterou que seu filho, diretor da empresa de contrato de jogadores GEA, também envolvida em casos de suposta corrupção, não tem nada a ver com a trama.
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