Ao som do Canto Alegretense executado por 782 gaitas, a população de Almirante Tamandaré do Sul, no norte do Estado, conseguiu ontem quebrar o recorde mundial de gaiteiros tocando juntos, na quarta edição do Gaitaço. A conquista deve ser registrada no Guinness Book, já que derrubou a marca de 566 gaiteiros mantida até agora pela Holanda.

O agricultor Edson Mauro da Rocha, 26 anos, e a mulher, Rita de Cássia, foram de Mato Castelhano a Almirante para participar do desafio. Levaram a filha Eduarda. Com apenas dois anos, ela tira os primeiros acordes na gaita. Mas o cansaço venceu a diversão, e a menina acabou dormindo no colo da mãe no momento em que deveria tocar. Já os pais acompanharam as 10 músicas selecionadas pela coordenação do Gaitaço. Entre diferentes composições tradicionalistas gaúchas, figuraram uma canção italiana e outra alemã.

O recorde mundial vinha sendo perseguido há anos. Em 2004, o número holandês já havia sido superado no Estado com 623 gaiteiros, mas como os organizadores não seguiram as normas do Guinness, não houve registro. Este ano, depois de contatos com os responsáveis pelo livro dos recordes na Inglaterra, o Gaitaço seguiu à risca as exigências. Entre elas está a gravação de um DVD sem cortes de edição e o preenchimento de fichas de inscrição com testemunhas.

Para a conquista, foram reunidos gaiteiros de 300 municípios do sul do Brasil e até do Exterior, incluindo dois italianos, um paraguaio e um uruguaio. As mais animadas eram as crianças, que contribuíram com acordes e graça. Um público de 8 mil pessoas foi ao campo de futebol do Esporte Clube Almirante Tamandaré assistir ao festival. Cleiton Medeiros Seidller, nove anos, e Leonardo Júnior do Nascimento, oito anos, estavam à vontade com suas gaitas de oito baixos. Os amigos aprenderam a gostar do instrumento com os avôs e tocam desde os seis anos. 

– Hoje, no Brasil, todos conhecem Almirante como a terra que reúne os gaiteiros. Depois deste Gaitaço, vamos ser conhecidos no mundo inteiro – acredita Roberto Carlos Bernardi, coordenador do encontro.

MARIELISE FERREIRA/ZERO HORA