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Analistas prevêem que Copom será conservador

A alta do dólar e do risco brasileiro, somados à piora nas expectativas sobre os índices de inflação, reduzem as chances de o Banco Central (BC) vir a cortar os juros na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que começou nessa terça, dia 21, e termina na quarta, dia 22. Os analistas se dividem entre um possível corte de 0,25 ponto percentual e a manutenção da taxa Selic. Mas, na última reunião, em abril, o BC surpreendeu o mercado ao manter os juros em 18,5% ao ano, quando a expectativa geral era de queda.

– A maior parte (do mercado) aposta na manutenção, mas alguns acreditam que possa haver um corte de 0,25 ponto percentual – afirmou Sergio Blank, vice-presidente do banco Brascam.

Quem acredita no corte acredita que a baixa inflação desta época do ano dá espaço para reduzir a taxa, o que estimularia o crescimento econômico ao baratear o crédito. Em contrapartida, quem prevê a manutenção aposta na cautela do BC, já que um corte poderia alimentar uma alta do dólar e, consequentemente, provocar o aumento da inflação. Para os economistas da Tendências Consultoria, “não há espaço para queda da Selic’’.

A instituição destaca que, desde a última reunião do Copom, praticamente todos os indicadores relevantes pioraram. “O câmbio depreciou-se, assim como se elevou o prêmio de risco brasileiro, ambos afetados basicamente pela volatilidade no cenário político”, destaca a instituição. Para os analistas do Lloyds, não é fácil traçar projeções sobre juros já que o Copom surpreendeu o mercado mais de uma vez este ano. Em fevereiro, a instituição adotou postura mais otimista e cortou a taxa em 0,25 ponto percentual. Outro corte se seguiu em março (também de 0,25 ponto).

Em abril, o BC foi conservador e manteve a taxa inalterada quando o consenso do mercado era de novo corte. O Lloyds aponta como entre os fatores que podem favorecer a estabilidade a alta do dólar e o aumento do preço do petróleo. A queda dos juros também poderia estimular a procura por hedge (proteção) cambial, reforçando as pressões inflacionárias futuras. A instituição destaca, no entanto, motivos que permitiriam uma pequena redução: a recuperação mais lenta da economia e a proximidade das eleições, que pode reduzir a margem de manobra para novos cortes no futuro.

Para o diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Sérgio Gomes de Almeida, a única alternativa para a recuperação sustentada da economia seria o BC baixar “significativamente” os juros.

– O BC pode ousar e diminuir significativamente os juros (redução de 0,5 a um ponto percentual), já que os preços livres estão absolutamente sob controle e a indústria, sem alternativas de fator de crescimento.


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