| 05/05/2002 21h14min
No primeiro ato público de apoio à candidatura do deputado federal Germano Rigotto (PMDB) ao governo do Estado, realizado neste domingo, dia 5, durante o encontro estadual de mulheres do PMDB, o alvo preferido das críticas foi o ex-governador Antônio Britto, que deixou o partido e disputará o governo do Estado pelo PPS. O senador Pedro Simon arrancou aplausos da platéia depois de um discurso no qual acusou Britto de ter construído sua carreira política "às custas do PMDB". Rigotto culpou o ex-colega de partido de ter governado o Estado sozinho.
Simon afirmou que soube das "maluquices que o ex-governador fez pelo Interior" apenas depois da saída de Britto do partido e passou a relatar "pressões, humilhações e ofensas com palavras de baixo calão" sofridas por prefeitos gaúchos. Com duas histórias ouvidas de prefeitos, o senador ilustrou o hábito que Britto teria de desprezar platéias reunidas para ouvi-lo, de acordo com as oscilações de seu humor.
– Ele botou fora a campanha de 1998 com seu estilo, sua grosseria, sua arrogância e falta de elegância, disse o senador.
Simon revelou ter sido sua a idéia do livro em que Britto relatou os últimos dias de vida do presidente da República Tancredo Neves, usado como estratégia para tornar o ex-assessor de imprensa e futuro candidato a deputado mais conhecido no Estado. O senador teria percorrido mais de 200 municípios gaúchos ao lado de Britto em sessões de autógrafos agendadas pelo partido.
– Quando era governador, Britto privatizou a empresa de telefonia e hoje trabalha para o banco Oportunity. É a primeira vez que acontece isso no Estado. O cidadão larga o governo e vai trabalhar numa instituição financeira que está dirigindo a companhia telefônica.
Pouco antes, o deputado estadual José Ivo Sartori, presidente da Assembléia Legislativa durante o governo Britto, criticou a infidelidade do ex-governador e chegou a revelar ter votado "às vezes contra a consciência" para ser fiel ao governo. Para o deputado federal Cezar Schirmer, que derrotou Britto na disputa pela presidência estadual do PMDB, o partido tem dois inimigos nesta eleição:
– Vamos ter, de um lado, um mentiroso e, do outro, um traidor. Os traidores são condenados à morte política.
Schirmer disse que, apesar de ter perdido metade dos deputados estaduais, um deputado federal e um senador com a debandada do grupo de Britto para o PPS, o PMDB ficou intacto nas suas bases. De acordo com ele, nenhum vereador ou prefeito do partido acompanhou o ex-governador.
A coordenadora do PMDB Mulher, Maria Helena Sartori, denunciou tentativas de aliciar filiados que estariam sendo feitas por telefone pelos aliados de Britto. Simon chegou a perguntar se a ex-presidente do PMDB Mulher Iara Wortmann havia devolvido um cadastro de filiados que teria levado ao deixar a sigla para seguir o ex-governador.
O PMDB Mulher apresentou sugestões para o programa de governo de Rigotto. Festejado pelas mulheres que lotavam o auditório Dante Barone, na Assembléia, Rigotto prometeu que tentaria abraçar todas ao final do ato. Entre os oradores, foi o que fez as críticas mais fortes ao PT. Acusou o partido de lançar o Estado em um clima de insegurança e tentar apresentar Tarso como o condutor de um projeto diferente.
– Vai ser uma eleição de cobrança. O Tarso é farinha do mesmo saco e vai responder pelo projeto do PT no Rio Grande do Sul.
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