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 | 25/02/2006 19h20min

Reunião de dirigentes em Doha pede fim da violência

Mensagem está expressa em documento aprovado hoje

O secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, dirigentes europeus e de países muçulmanos fizeram hoje um apelo para a contenção e o fim imediato da violência, ressaltando também a importância da liberdade de expressão, desde que utilizada com responsabilidade.

A mensagem está expressa num documento aprovado hoje na capital do Catar após reunião convocada pelo secretário-geral da ONU para analisar a crise provocada pela publicação de charges de Maomé em jornais europeus e a conseqüente onda de violência em vários países muçulmanos. A reunião convocada por Annan resultou numa estratégia conjunta de medidas para tentar acalmar a crise atual e evitar que se repita.

O texto deve ser apresentado pelo secretário-geral da ONU para a Assembléia Geral e o Conselho de Segurança, e para a União Européia.

A ministra de Assuntos Exteriores da Áustria - país que ostenta a atual presidência da UE -, Ursula Plassnik, e o Alto Representante para a Política Externa e Segurança Comum da UE, Javier Solana, cancelaram a participação na reunião por problemas de agenda.

O chefe da diplomacia espanhola, Miguel Ángel Moratinos, se comprometeu a informar o conteúdo do texto na reunião de ministros de Assuntos Exteriores da UE, prevista para segunda-feira em Bruxelas e se mostrou convencido de que a Europa "tomará nota" do documento estipulado.

Participaram do encontro o secretário-geral ibero-americano, Enrique Iglesias, e os secretários-gerais da Liga Árabe, Amro Moussa, e da Organização da Conferência Islâmica, Ekmeleddin Ihsanoglu.

No texto, os dirigentes reafirmam o direito ao protesto pacífico e felicitam à imensa maioria de pessoas que protestou pela publicação das caricaturas de maneira pacífica. Também há um pedido à sociedade para que "resista à provocação e à violência" e a todos os líderes religiosos para que "utilizem sua influência para promover valores e crenças universais compartilhados por todos".

– Achamos que todos os direitos devem ser exercidos de maneira responsável; nem os meios de comunicação, nem as publicações, nem os lugares de culto devem ser utilizados para incitar ou aumentar o ódio – ressalta o texto.

Questionado sobre as razões pelas quais a União Européia não participou da reunião, Moratinos explicou que é membro da UE e que a ministra de Exteriores austríaca pediu que relatasse o conteúdo do encontro.

Annan, por sua vez, assegurou que esteve em "estreito contato" tanto com Solana como com Plassnik, que expressaram seu apoio à iniciativa e pediram que sua ausência não seja interpretada como "uma falta de interesse" por parte da UE.

Em declarações no fim da reunião, Moratinos se mostrou certo de que a UE levará em conta o comunicado e expressará seu posicionamento sobre o tema.

– Devemos expressar a solidariedade com os membros da UE e ao mesmo tempo buscar uma maneira de reforçar o diálogo e evitar conflitos ou o denominado choque de civilizações – acrescentou.

A reunião de alto nível aconteceu um dia antes do início da segunda jornada de trabalho do Grupo de Alto Nível (GAN), designado pelo secretário-geral da ONU para dar início a iniciativa da Aliança de Civilizações.

A partir de amanhã e ao longo de dois dias, o grupo de 19 dignitários co-presididos pelo ex-diretor da Unesco Federico Maior Zaragoza, e o ministro de Estado da Turquia, Mehmet Aydin, vai elaborar um programa de medidas concretas que deve ser apresentado à ONU.

Os integrantes do GAN se reuniram pela primeira vez em novembro, e deverão manter outros dois encontros antes de apresentar o relatório final.

AGÊNCIA EFE

 
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