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Dois dias depois de o candidato à Presidência José Serra (PSDB) ter criticado a política de preços da Petrobras, o coordenador econômico da campanha do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Guido Mantega, sustentou ontem, dia 10, no Rio a mesma tese em encontro com investidores.
– A Petrobras não pode exercer pressões inflacionárias sobre a economia só para ter um lucro extraordinário. Num governo do PT ela não será tão livre como hoje – afirmou Mantega.
Em Porto Alegre, na segunda-feira, dia 8, Serra havia criticado a decisão da estatal de atrelar os preços dos combustíveis ao preço internacional do petróleo, lembrando que o país produz cerca de 80% do que consome no setor. A semelhança de idéias surpreendeu o presidente do Lloyds TSB Bank no Brasil, Roberto Pasquali. O executivo, que comanda o braço brasileiro do poderoso Lloyds TSB, da Inglaterra, sabatinou Mantega por duas horas diante de um grupo de empresários do Rio, repetindo uma iniciativa que já havia ocorrido em São Paulo:
– Nossos clientes acharam que (o discurso de Mantega) foi um discurso moderado que não assusta de jeito nenhum.
Mantega disse aos empresários que o controle da inflação e das contas públicas são prioridades do PT e que a estabilidade econômica não tem coloração ideológica, um ponto de vista há muito defendido pelo ministro da Fazenda, Pedro Malan. Em pelo menos um ponto, porém, o guru econômico de Lula destoou da equipe econômica do presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele disse que a meta de inflação não pode ser tão apertada como a que vem fixando o atual governo.
– O Brasil não é a Suíça – argumentou.
Mantega afirmou que uma meta de 4,5% (a oficial deste ano é de 3,5%. com tolerância de dois pontos, para cima ou para baixo) seria mais factível, dando espaço ao governo para reduzir os juros e, com isso, estimular o crescimento econômico. Ele admitiu que, para efeito de estabelecimento de metas, a inflação tem que ter um núcleo (forma de medir os preços que expurga itens muito voláteis). Garantiu também que no governo do PT não haverá quebra de contratos ou qualquer tipo de calote, seja da dívida interna ou da interna.
O coordenador econômico da campanha de Lula disse que o capital estrangeiro, exceto o especulativo, é bem-vindo e não descartou a hipótese de o estatal Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiar empresas estrangeiras, embora considere que a prioridade será dada às empresas nacionais. Mantega disse que, como os preços administrados (tarifas públicas) pressionam muito a inflação, o PT tentará uma fórmula negociada de rever os contratos que foram assinados com as empresas de energia elétrica privatizadas, especialmente a parte que indexa as tarifas à variação cambial.
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