| 17/01/2006 15h07min
Para os clientes das indústrias avícolas gaúchas, visitá-las pode significar alguns dias de turismo compulsório no Brasil. Com as normas de prevenção à gripe das aves que impõem quarentena para estrangeiros acessarem aviários e abatedouros, é comum empresas oferecerem hospedagem em hotéis da serra gaúcha ou de praias brasileiras antes que as visitas técnicas ou de negócios possam se concretizar.
Segundo as regras de biossegurança adotadas, compradores, parceiros ou fornecedores vindos do Exterior só podem acessar as unidades de produção sete dias após o desembarque no Brasil. Mesmo para ir só a escritórios das empresas avícolas há uma quarentena de três dias.
– Se o cliente não pode esperar alguns dias, marcamos a reunião no hotel onde ele está hospedado. Todas as empresas já produziram audiovisuais para apresentar os locais de produção nesses casos – diz Aristides Vogt, presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).
O secretário-executivo da Asgav, José Eduardo Santos, explica que as principais medidas são limitar visitas às unidades produtivas, impedir o contato de frangos de corte com aves caipiras, nativas ou migratórias e desinfetar os veículos que fazem o transporte de animais e insumos envolvidos na produção.
– A quarentena é uma das medidas mais eficazes para evitar contaminação. Qualquer um pode pegar um vôo na Ásia e horas depois já estar aqui. O problema é que o vírus pode vir na roupa, no cabelo, na sola do sapato... – explica o veterinário e vice-presidente da União Brasileira de Avicultura, Ariel Mendes.
As normas adotadas pelo setor não são leis. Foram editadas por entidades empresariais, mas a cobrança mútua entre as empresas faz com que a aplicação seja a regra. Especialmente após os surtos de gripe das aves do final do ano passado.
Em outubro, a cooperativa Languiru, de Teutônia, que tem 300 avicultores associados e abate 100 mil frangos por dia, intensificou seu sistema de proteção. A desinfecção de caminhões, que já ocorria nas granjas, foi estendida para os abatedouros, e junto aos fornecedores de rações se estudam formas de implantar o sistema sem atrapalhar a logística. Tradicionais visitas técnicas de estrangeiros a cooperados, ainda que para conferir produção de gado leiteiro e suínos, estão sendo adiadas. E compradores internacionais são avisados das limitações de acesso aos locais de produção.
– Eles (os estrangeiros) já têm consciência e não querem nos causar problemas – diz o diretor-geral da Languiru, Pedro Raul Mallmann.
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