O líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, afirmou hoje que o ministro da Fazenda do Brasil, Antônio Palocci, é um "panaca" e que o Governo "cometeu a maior burrice" ao anunciar o pagamento de US$ 15,5 bilhões ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Stédile, que é economista, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desperdiçou uma grande oportunidade de ganhar as eleições de outubro de 2006, para as quais ainda não apresentou sua candidatura.

Palocci anunciou em 13 de dezembro o pagamento antecipado da dívida, com vencimento em 2006 e 2007. O pagamento antecipado permitirá que o governo economize cerca de US$ 900 milhões em juros.

Stédile afirma que, com esse dinheiro em caixa, o governo poderia ter investido em programas sociais, que formam o "grande déficit" em três anos do governo Lula.

– Já pensaram no efeito multiplicador que teria proporcionado a aplicação de US$ 15 bilhões nas universidades públicas? – questionou, após criticar mais uma vez "a essência claramente neoliberal" do governo Lula.

O líder do MST sustentou que, com o pagamento antecipado ao Fundo Monetário Internacional (FMI), "o governo dá sinais claros ao capital internacional e financeiro de que a crise política não afetou os fundamentos ortodoxos da economia".

A dívida que será paga antes do final de 2005 corresponde a um empréstimo negociado em 2002 com o FMI, de US$ 41,750 bilhões. Palocci mencionou que os fundos para pagar a dívida sairão das reservas internacionais, que cresceram em termos brutos esse ano em US$ 14,338 bilhões.

AGÊNCIA EFE