A defesa incondicional do governo Lula e de sua política econômica também não estabelece consenso dentro do PT, segundo Jilmar Tatto, terceiro vice-presidente nacional do PT, reunido neste sábado em São Paulo, já que há correntes de esquerda do partido que devem apresentar resoluções na reunião do Diretório Naiconal contra a política econômica do ministro Palocci.

– Consenso não vai haver, mas podemos ganhar a maioria. Consenso hoje só se o PT fizesse um texto para falar da Copa do Mundo ou para elogiar poemas de Drumond – disse Francisco Campos, um dos coordenadores do PT de Luta e Massas e secretário adjunto de organização do PT.

O único consenso na reunião do Diretório Nacional do PT até agora acontece nas críticas à oposição puxadas ontem no Uruguai pelo presidente Lula. Ele disse que a oposição brasileira está agindo como a oposição a Hugo Chavez na Venezuela que tem idéias golpistas contra a legalidade.

– Lula deu o tom ontem e puxou a dianteira que o próprio PT é que deveria ter puxado. Lula está sentindo o cheiro da disputa no ar – disse Campos, cuja idéia de golpe pela oposição é compartilhada por quase todos os membros do Diretório Nacional, incluindo o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que também acaba de chegar à sede nacional do PT, onde se realiza a reunião.

Vários membros do Diretório Nacional do PT concordaram com Lula sobre os ataques à oposições. O líder do PT na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS) engrossou as reclamações do presidente contra a oposição, frisando, no entanto, que não se trata do conjunto das oposições, mas de parte dela...

– A oposição tem sido desequilibrada no trato com o presidente. Ouvimos até ameaças de surra no presidente. Alguns propuseram golpe sim, tanto que cogitaram o impeachment. Há ambiente de golpismo. Não quero dizer que parte das denúncias não sejam consistentes, mas elas se misturam a outras que são denuncistas, sem consistência – disse Fontana.

AGÊNCIA O GLOBO