| 06/12/2005 14h12min
Depois de uma reunião que durou das 9h às 12h (horário da Alemanha) desta terça, o Comitê Organizador da Copa do Mundo 2006 anunciou, às 13h (10h no Brasil), os oito cabeças-de-chave para a edição de 2006. Pela ordem estabelecida com a posição nos dois últimos mundiais mais a posição final no ranking de 2005, 2004 e 2003 da Fifa, liderarão os grupos Brasil, Inglaterra, Espanha, Alemanha, México, Franca, Argentina e Itália (o México poderia ser chamado de cabeça-de-chaves-e-chapolim, mas isso é bobagem).
O Brasil é cabeça-de-chave do Grupo F e a Alemanha do Grupo A. Os dois times só podem se enfrentar se chegarem à final. A Fifa anunciou ainda que os jogadores convocados para a Copa devem encerrar as atividades nos clubes no dia 14 de maio.
Marcada pela fragmentação e um vaivém de divisões e "recolagens", a Alemanha escolheu uma cidade-símbolo como sede do sorteio que lançará a sorte, no dia 9, sexta-feira, finalmente como fator importante na Copa do Mundo de 2006.
Nessa noite, Leipzig,
cidade que ficou sob o jugo da dolorosamente inesquecível República Democrática Alemã (que Lênin a tenha em sua paz), durante a "Cortina de Ferro", será o local – e não por sorteio – onde os primeiros inimigos se conhecerão. E como nos antigos combates de gladiadores, ficarão sabendo a quem terão de abater ou nos pés de quem morrerão.
Leipzig será a sede para mostrar que a Alemanha, que já foi dividida, desde o tempo da supremacia dos "barões ladrões", já foi muito dividida, já foi pouco dividida, já foi multidividida e também apenas bipartida, a Alemanha, que já foi dividida entre os duques eleitores, a Alemanha que dividiu o mundo quando Martinho Lutero, em 1517, pregou suas 95 teses na porta da igreja de Wittenberg, a Alemanha, que novamente dividiu o mundo nas duas grandes guerras, depois de ter nascido, gerada de um mosaico de divisões, como império, após outra grande guerra na qual humilhou a França de Napoleão III, esta Alemanha quer provar ao mundo que é uma Alemanha unida,
moderna,
tolerante, coesa em torno da paz. Uma Alemanha que aceita a presença de mais de sete milhões de imigrantes – embora o horror dos grupos neonazistas – como aninhou os milhões de alemães orientais.
Por isto Leipzig, onde começou a revolução pacífica que derrubou a divisão, foi escolhida. Porque, como assegurou Beckenbauer, presidente do Comitê Organizador, a Alemanha quer provar “que a Alemanha que promove esta Copa não é a mesma Alemanha que promoveu a Copa de 1974”.
E quer provar esta mudança justamente com um esporte que é uma guerra de mentirinha, mas que eleva a paixão a alturas que jamais patriotismo algum conseguiu, que consegue cessar-fogos e consegue fazer iranianos e americanos posarem abraçados para uma fotografia, sorrisos amarelos, mas em paz. A Alemanha pretende tomar a sério o lema desta edição da Copa, "Um tempo para fazer amigos".
Pompa e circunstância dignas desta pretensão esperam os visitantes no enorme Centro de Convenções de
Leipzig. Mas também buscarão mundo
afora os calculados 300 milhões de telespectadores.
A cerimônia será suntuosa. O script está liberado, com a presença de astros do país como apresentadores – Reinhold Beckmann, jornalista esportivo, e Heidi Klum, modelo. Já o aparato, o cenário, tudo é secretíssimo, mesmo para quem circula pelo belo prédio envidraçado onde o show vai acontecer.
Seguranças, muito polidos, nas principais entradas e, especialmente, a porta da arena principal, a do espetáculo, são gentilmente prussianos ao cumprir suas ordens: "Não, senhor, não posso dar mais informações". Ou: "Não, senhor, o senhor é da imprensa, mas não pode passar daqui".
Bem, uma olhada furtiva – a popular "fresteada" – dá idéia de o que vai ser a festa. E vai ser grande, como a paisagem entrevista.
Senhoras e senhores, preparem-se: a Copa do Mundo de 2006 já começou. Numa simbólica e muito acolhedora Leipzig.
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