O diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Sérgio Gomes de Almeida, afirma que a queda de 1,2% no Produto Interno Bruto (PIB) entre julho e setembro é "a hora da verdade". Segundo ele, "apesar do esforço feito por alguns analistas para atribuir a redução à crise política", a queda do PIB é fruto basicamente do juro alto e da valorização do real frente ao dólar, que tornou a moeda americana mais barata e prejudicou as exportações.

– É um equívoco atribuir a queda, que foi maior do que o esperado, à crise política. Não há crise política que não afete antes o mercado financeiro e dólar e bolsa de valores não foram afetados. Portanto, é mais uma torcida do que uma análise falar que a crise é o principal motivo da queda – diz o economia.

Para Almeida, com juro alto e câmbio pouco atraente não há outra alternativa à economia a não ser apresentar um desempenho ruim. Na avaliação dele, o segundo trimestre só foi um pouco melhor por conta da oferta de crédito, que compensou em parte o juro alto e o desequilíbrio do câmbio.

– Essa compensação não se sustentou no terceiro trimestre do ano e a perspectiva é de um desempenho medíocre para o último trimestre. O comércio atrasou as encomendas para a indústria porque dezembro era uma incógnita. A tendência para o quarto trimestre é ficar entre negativo e uma recuperação modesta – diz ele.