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 | 29/11/2005 07h20min

Dirceu corre atrás de apoios para evitar cassação

Deputado não recusa ajuda nem de antigos opositores

Na tentativa de tentar se manter na Câmara dos Deputados, o deputado federal José Dirceu (PT-SP) mudou sua postura. O então ministro-chefe que reagia com indiferença aos pedidos de audiência na Casa Civil agora distribui afagos, posa para fotos e não desgruda do telefone em apelos a parlamentares cujo currículo antes desdenhava. Na luta pela sobrevivência política, Dirceu também busca escudo em juristas, empresários, artistas e intelectuais.

– Ele telefona para qualquer pessoa que tenha influência sobre algum deputado. Às vezes, liga mais de uma vez para reforçar o pedido – revela um interlocutor do ex-ministro.

A tática tem dado certo. Abandonado pelo governo, Dirceu tem conquistado apoio até de antigos opositores. Os senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e José Sarney (PMDB-AP), por exemplo, impõem a influência que detêm sobre os congressistas para tentar evitar a cassação do petista. Se ACM tem evitado expor a militância pró-Dirceu, Sarney age sem discrição e conta com a ajuda da filha, a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), que no início do ano foi indicada pelo petista para integrar o governo.

O apoio mais surpreendente partiu do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que antes já havia pedido a retirada do processo contra Dirceu no Conselho de Ética. Algoz de Dirceu no escândalo do mensalão e com o mandato cassado por conta das denúncias, Jefferson agora teria orientado os deputados do PTB a votar a favor do adversário como forma de prolongar a crise política.

É no PT que Dirceu tem exibido com maior vigor sua capacidade de sobrevivência. Ao recorrer a eventos públicos como forma de angariar apoio, ele se aproximou das bases do partido e dos movimentos sociais em atos de desagravo realizados no Rio, em São Paulo, Santos, Belo Horizonte, Cuiabá e Brasília. O líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) João Pedro Stedile tem sido um de seus interlocutores junto à bancada ligada aos sem-terra, até então favorável à cassação do ex-ministro. No mês passado, Dirceu contabilizava 40 votos entre os 82 deputados petistas. Hoje, a estimativa é de que sejam mais de 70 contra a cassação. Para a cassação, são necessários 257 votos.

– Não se pode condenar uma pessoa sem provas. E não há nada de concreto contra Dirceu – justifica a deputada Maria do Rosário (PT-RS), cuja indefinição inicial se transformou em solidariedade ao ex-ministro.

FÁBIO SCHAFFNER/AGÊNCIA RBS
 
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