| 08/11/2005 10h05min
No verão, seca no Sul. Na primavera, aftosa no Centro-Oeste. Problemas climáticos e sanitários nas regiões mais identificadas com o agronegócio contribuíram para tornar 2005 um dos piores anos da história para a produção primária no país.
Projeção da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) aponta perda de R$ 17,9 bilhões este ano, sem contar os prejuízos com a aftosa. Como só o cancelamento de exportações é estimado em R$ 2,1 bilhões, o cálculo final ultrapassa R$ 20 bilhões.
– O efeito da aftosa deve ser significativo, porque a pecuária de corte é o segmento com maior faturamento bruto, lugar que no ano passado era da soja – observa Getúlio Pernambuco, chefe do Departamento Econômico da CNA.
Só a perda com a exportação de carnes é estimada em pelo menos US$ 1 bilhão em seis meses, conforme José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil.
– Estamos vendo a maior crise na agropecuária nos últimos tempos. Este ano poderia acabar logo para começar 2006 – desabafa Homero Pereira, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato).
Queda no preço dos grãos, real valorizado frente ao dólar, juro alto e insumos mais caros compõem, com a seca e a aftosa, o cenário de desolação no campo. O drama se agrava em Mato Grosso do Sul.
– É muito animal sacrificado, o pessoal não queria que abatesse – conta Ramiro Moisés Neto, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Eldorado (MS).
– Dá pena, tem muito animal sadio sendo sacrificado. Se não fosse assim, seria preciso esperar mais de 18 meses para voltar ao status de zona livre de aftosa – admite Marivaldo Miranda, coordenador de pecuária da Secretaria da Produção e do Turismo (Seprotur/MS).
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