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 | 06/10/2005 16h19min

Bruno Daniel diz que Dirceu recebeu dinheiro para caixa dois do PT

Irmão de ex-prefeito reafirma denúncias contra chefe de gabinete de Lula

Bruno José Daniel Filho, irmão mais novo do ex-prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel, assassinado em janeiro de 2002, confirmou hoje que o atual chefe do gabinete pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, sabia do esquema de corrupção que existia na prefeitura de Santo André na época do assassinato de Celso. Bruno prestou depoimento nesta tarde à Comissão Parlamentar de Inquérito dos Bingos.

Segundo Bruno, na época do assassinato, Carvalho teria confessado a ele e ao outro irmão de Celso, João Francisco, um esquema que envolvia arrecadação ilegal de recursos para abastecer o caixa dois do PT com o objetivo de financiar campanhas eleitorais. À época do assassinato, Carvalho trabalhava como assessor na prefeitura de Santo André.

– Eu e meu irmão ficamos surpresos com a detalhada revelação de Gilberto Carvalho, feita logo após a missa de sétimo dia de Celso Daniel. Ele nos informou que chegou a ir sozinho a São Paulo, dirigindo o seu Corsa de cor preta, para entregar ao então presidente do PT, José Dirceu, a quantia de R$ 1,2 milhão – denunciou Bruno.

No depoimento, Bruno disse considerar que a confissão de Carvalho pode ter tido o intuito de intimidá-los, funcionando como um alerta sobre a possibilidade de Celso Daniel também estar envolvido na captação de recursos ilegais. Desta forma, se Bruno e João Francisco falassem sobre o assunto poderiam comprometer a imagem do ex-prefeito. O esquema envolvia arrecadação de dinheiro, principalmente junto a empresas de lixo e de transportes do município.

Bruno informou também que encontrou no apartamento de Celso um envelope com a letra de Gilberto Carvalho. O documento teria indicações de enriquecimento ilícito de pessoas ligadas à prefeitura de Santo André.

A CPI deverá convocar agora Gilberto Carvalho, Bruno e João Francisco para uma acareação buscando explicitar as denúncias. O requerimento para a acareação, de autoria do senador Geraldo Mesquita Júnior (PSOL-AC), foi aprovado na terça. Bruno Daniel acredita que a acareação terá um clima tenso e que Gilberto Carvalho não falará a verdade.

O irmão de Celso Daniel diz que todas as evidências indicam que o ex-prefeito foi morto de forma planejada e por encomenda. Ele acredita que a reabertura do caso pelo Ministério Público de São Paulo poderá apontar os nomes dos mandantes do assassinato e de quem apertou o gatilho.

Bruno não descartou a hipótese de envolvimento no crime do secretário de Obras de Santo André no período em que Celso Daniel era prefeito, Klinger de Oliveira Souza, e do empresário ligado a empresas de coleta de lixo, Ronan Maria Pinto. Sérgio Gomes da Silva, conhecido como Sombra, e amigo do ex-prefeito também está envolvido no assassinato, acredita Bruno. Ele também revelou que um preso, cujo nome é mantido em sigilo por determinação policial, teria dito que o assassinato de Celso Daniel foi encomendado por R$ 1 milhão.

Nesta tarde, em entrevista à Rádio Gaúcha, Dirceu negou ter participado de qualquer esquema de transporte de dinheiro e defendeu a administração municipal em Santo André. O ex-ministro diz que fazem cinco anos que a prefeitura de Santo André é investigada por corrupção e nunca se provou nada, exigindo que se ouça também o outro lado envolvido no caso. 

– É uma das maiores mentiras que eu ouvi nos últimos tempos. Até agora a Justiça não provou que não tenha sido um crime comum, pelo contrário. Prende e acusou sete ou oito réus – disse.

AGÊNCIA SENADO E RÁDIO GAÚCHA
 
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