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 | 20/09/2005 14h35min

Banco Mundial diz que igualdade e crescimento são compatíveis

Diferenças contribuem para perpetuar pobreza extrema

O Banco Mundial disse hoje que a igualdade de oportunidades entre as pessoas é compatível com a prosperidade no longo prazo, e deve fazer parte das estratégias para reduzir a pobreza.

Em seu relatório anual sobre desenvolvimento, o organismo aposta na igualdade como uma situação que tenda a promover investimentos maiores e mais produtivos, o que se traduziria em uma aceleração do crescimento.

– Não estamos sonhando acordados – afirmou François Bourguignon, economista-chefe do Banco Mundial (BM) durante a apresentação do estudo, intitulado "Eqüidade e Desenvolvimento".

O informe mostra como as enormes desigualdades existentes no mundo, tanto dentro de países como entre eles, contribuem para perpetuar a extrema pobreza em que vive grande parte da população do planeta.

O Banco, que realizará este fim de semana em Washington sua reunião anual conjunta com o Fundo Monetário Internacional (FMI), afirma que as disparidades provocam perda de capital humano e, "em muitos casos", prejudicam o crescimento sustentado.

Os autores do relatório, liderados por Francisco Ferreira e Michael Walton, acham que as políticas pró-igualdade podem permitir a superação desses abismos.

– O objetivo não é a igualdade de renda, mas a ampliação do acesso dos pobres a serviços sanitários, educação, trabalho, capital e direito à propriedade da terra – afirma o documento.

Construir um mundo mais justo requer uma maior igualdade dos cidadãos no acesso às liberdades e ao poder político, assim como o fim dos estereótipos e da discriminação.

Durante a entrevista coletiva Ferreira chamou a atenção para os resultados de uma pesquisa realizada com um grupo de crianças de diferentes castas sociais na Índia. O co-autor de "Eqüidade e Desenvolvimento" afirmou que a capacidade delas para resolver problemas foi praticamente igual antes de as crianças serem informadas sobre a que camada pertenciam. Uma vez revelada essa informação, os participantes de castas inferiores tiveram um desempenho muito pior nas provas.

O organismo financeiro também defende a criação de redes sociais que protejam os mais vulneráveis e promovam um acesso mais igualitário à terra, à Justiça e à infra-estrutura, como estradas, eletricidade e água potável.

Segundo o Banco Mundial, a possibilidade de obter mais créditos e seguros é outra forma de melhorar a igualdade de oportunidades e de aumentar a prosperidade. O organismo exemplifica com estudos realizados na Índia, no Quênia e no Zimbábue, que mostram que os pobres pagam juros muito mais altos que os ricos.

Além das reformas internas também é preciso, segundo o Banco Mundial, fazer com que os países busquem uma maior igualdade no âmbito global. Essa maior justiça exige, dentre outras medidas, a liberalização comercial que se busca na rodada de Doha, o uso de remédios genéricos por parte dos países pobres e a facilitação dos fluxos migratórios por parte das nações ricas.

– Estamos pedindo uma revolução – reconheceu Ferreira, que, entrentanto, disse que essa revolução precisará ser "paciente, pacífica e propícia aos mercados".

Um mundo mais justo, requereria, segundo Ferreira, "um certo grau de conflito", pois será preciso acabar com parte dos benefícios das elites. Segundo o economista, as elites devem ver essa situação como "um investimento em seus netos e bisnetos e em uma sociedade mais pacífica, onde haja mais confiança e mais gente produtiva".

AGÊNCIA EFE

 
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