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 | 13/09/2005 09h50min

Gaúchos apóiam cassação de Jefferson

Apenas dois parlamentares, do PTB, pretendem defendê-lo

Se o futuro do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) fosse desenhado pelos votos da bancada gaúcha, o homem que denunciou o mensalão seria banido da vida pública pelos próximos oito anos. Com argumentação variada, 23 dos 31 deputados procurados por Zero Hora disseram que irão votar pela cassação de Jefferson, em sessão prevista para amanhã. Apenas dois parlamentares, do PTB, pretendem defendê-lo. Outros três deputados não foram localizados, dois não quiseram responder e um está indeciso.

Os advogados de Jefferson estão tentando retardar a votação. Eles solicitaram uma lista de medidas provisórias, vetos e projetos de lei que trancam a pauta da Casa. Mesmo que a sessão ocorra normalmente, o argumento poderá ser utilizado para recorrer ao Supremo Tribunal Federal em caso de decisão desfavorável. A Mesa da Câmara rechaçou a alegação por já haver ocorrido cassação em situação semelhante.

Para a bancada gaúcha, a degola de Jefferson é inevitável. Afinal, ele é réu confesso e só teria denunciado práticas ilegais quando se viu ameaçado pelo escândalo de cobrança de propina nos Correios.

- Jefferson fez um bem ao país ao denunciar corruptos. Mas não podemos esquecer que ele integrou uma rede de corrupção do PT - justifica Cezar Schirmer (PMDB).

Vice-líder do governo, Beto Albuquerque (PSB) considera que a queda do deputado dará a largada nas cassações dos outros envolvidos em denúncias. Independentemente dos valores recebidos, pondera, quem pegou dinheiro de Marcos Valério deveria ser cassado.

- Não podemos cair na ilusão de transformar um bandido em herói. Quem fala da podridão vive no esgoto. Temos de acabar com a impunidade, que é o motor da corrupção - diz Albuquerque.

Alceu Collares (PDT) relembra de possíveis erros cometidos pelo trabalhista em sua trajetória desde o governo Fernando Collor:

- Jefferson foi da tropa de choque do Collor, participou da cozinha do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e agora confessou crimes com o PT. Se não fossem as ameaças, estaria quieto até agora.

Em contrapartida, Pastor Reinaldo (PTB) é um dos dois a assumir o apoio. A lealdade é tanta que o parlamentar acredita que Jefferson poderá ser poupado.

- A postura corajosa dele fez ruírem mentiras. Ele não apresentou provas e cometeu delito eleitoral, mas prestou um serviço à nação. Desvendou uma faceta do PT que só Lula não vê - provoca o pastor.

Já o correligionário Milton Cardias ainda não se decidiu:

– Estou analisando se Jefferson merece ou não a cassação.

O show do cassável
A cada aparição, Jefferson mira o canhão para o governo e o PT:
Ataques a PT e a Dirceu
Em depoimento ao Conselho de Ética no dia 14 de maio, inocentou Lula, mas disse que José Genoino e Delúbio Soares avalizaram doação de R$ 4 milhões de caixa 2 ao PTB e que José Dirceu comandava o esquema do mensalão.
Endereço do dinheiro
À CPI dos Correios, em 30 de junho, Jefferson (E) revelou o local onde os supostos saques do mensalão eram feitos: Banco Rural do Brasília Shopping.
Operação Portugal
No aguardado embate com Dirceu no Conselho de Ética, no dia 2 de agosto, Jefferson afirmou que o ex-ministro aproximou Lula, o PT e o PTB da Portugal Telecom, em busca de auxílio financeiro para pôr em dia as contas das duas siglas.

CAROLINA CARVALHO E MARCIELE BRUM/ZERO HORA
 
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