As sucessivas altas do petróleo estão gerando oportunidades de negócios no setor exportador de carnes do Brasil. Levantamento da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carnes (Abiec) mostra que entre janeiro a julho de 2002 e o mesmo período de 2005, as vendas de carne bovina para países do Oriente Médio pularam de US$ 41 milhões para US$ 136 milhões.

O recorde nas exportações acompanhou o aumento dos preços do petróleo tipo Brent, que no mesmo período duplicaram, passando de uma média de US$ 24,9 para US$ US$ 53 o barril.

– Isso mostra que o dinheiro que os países árabes estão ganhando com o petróleo está sendo revertido para a compra de carne bovina brasileira – disse o ex-ministro da Agricultura e presidente da Abiec, Pratini de Moraes.

Segundo as lideranças do setor, as vendas foram ampliadas para todos os 11 países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) – Irã, Iraque, Kuwait, Catar, Arábia Saudita, Emirados Árabes, Argélia, Indonésia, Líbia, Nigéria e Venezuela.

O setor de energia limpa, que usa biomassa (qualquer matéria de origem vegetal usada para geração de energia) também deve crescer mais devido à escalada dos preços internacionais do petróleo.

– Como o Brasil é abundante em recursos naturais e domina tecnologias alternativas ao petróleo, é de se esperar que o país ocupe lugar de destaque nesse setor – explicou o ex-secretário do Ministério da Agricultura e consultor, Ênio Marques.

Segundo ele, quanto mais o preço do petróleo subir, mais os países e investidores buscarão soluções para driblar a escassez do recurso e o conseqüente aumento de preços.

A Petrobras trabalha com a possibilidade da alta do petróleo manter-se até o fim do ano. Já os técnicos ligados ao Ministério de Minas e Energia estimam que o preço do barril do combustível deve alcançar US$ 100, até o fim do ano. 

GUSTAVO BERNARDES/AGÊNCIA RBS