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 | 19/08/2005 15h18min

Dirceu deve mudar versão sobre Delúbio

Ex-ministro teria confimado que sabia de empréstimos para financiar campanhas

Ex-ministro-chefe da Casa Civil, o deputado José Dirceu (PT-SP) está prestes a abandonar publicamente a tese que sustentou até agora, a de que não sabia de nada a respeito da operação financeira montada pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e pelo empresário Marcos Valério de Souza.

Segundo reportagem publicada na edição de hoje do jornal O Globo, Dirceu foi procurado esta semana por um grupo de petistas que lhe pediam para deixar a chapa do Campo Majoritário que concorre ao diretório nacional. Se isso não ocorrer, o presidente interino do PT, Tarso Genro, pode renunciar a sua candidatura à presidência da sigla nas eleições de 18 de setembro. Nas conversas, Dirceu contou que sabia dos empréstimos e que os recursos destinavam-se a pagar dívidas de campanha do PT e de partidos aliados. Mas teria dado a entender que ignorava que isso era feito por fora e que envolvia pagamentos no Exterior com dinheiro de paraísos fiscais. Mais: disse aos interlocutores que Delúbio passou a agir por conta própria.

– Perdi o controle sobre o Delúbio – disse Dirceu.

O apelo para que ele retire seu nome foi feito, nos últimos dias, por inúmeros petistas, entre os quais o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), o secretário-geral do PT, Ricardo Berzoini (SP), o ex-ministro da Saúde Humberto Costa e o prefeito de Aracaju, Marcelo Déda. Dirceu vem resistido a todos os apelos, embora tenha afirmado que fará consultas antes de anunciar sua decisão, até segunda-feira. Mas o ex-ministro não gostou da atitude de Tarso e de Berzoini de divulgar o apelo. Na avaliação de Dirceu, a partir do momento em que a negociação tornou-se pública, sua saída deixa de ser iniciativa individual, transformando-se no resultado de uma pressão política. Ele repetiu ontem a aliados que não aceita imposições.

Sua atitude está relacionada também ao julgamento pelo Conselho de Ética da Câmara. O ex-ministro está convencido de que, nas condições de hoje, seu mandato será cassado. Mesmo sabendo disso, Dirceu fez a opção de cair lutando, pois avalia que sua posição de líder político não era compatível com a renúncia ao mandato.

Uma declaração do ex-ministro à agência de notícias France Presse provocou polêmica ontem. Perguntado por repórteres da agência, Dirceu disse ignorar a quem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se referiu ao dizer que se sente traído. E disse que a pergunta deveria ser feita a Lula.

"É o presidente Lula quem tem que responder quem é o traidor", respondeu o deputado por meio de sua assessoria, segundo reprodução da agência de notícias. Dirceu não gostou da repercussão e, no fim da tarde, divulgou nota criticando a conotação dada à declaração. "Respondi, por intermédio de minha assessoria, que a pergunta deveria ser encaminhada ao presidente e não a mim", diz a nota.

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