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 | 19/08/2005 09h59min

Pimenta explica a carona com Valério

Deputado federal declara que achava que veículo do empresário era carro oficial

Oito dias depois de ter entrado no carro do empresário Marcos Valério, acusado de ser o operador do mensalão, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) tentou explicar o episódio aos conterrâneos. Em entrevista coletiva, ontem, às 18h, no município gaúcho de Santa Maria, Pimenta repetiu as explicações que vem divulgando nos últimos dias. O deputado alega que entrou no carro de Marcos Valério achando que se tratava de um veículo oficial. Ele acreditava que aquela seria a única oportunidade de conseguir pressionar o empresário e obter uma relação onde constariam nomes de peso do PSDB envolvidos no recebimento de dinheiro de Marcos Valério.

– O episódio teve uma repercussão desproporcional. Não por acaso, mas com a clara intenção de desqualificar a CPI – atacou Pimenta.

Enquanto o deputado santa-mariense falava, o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, prestava depoimento na CPI do Mensalão, em Brasília. Pimenta teve de renunciar à vice-presidência da comissão por causa da carona. Na entrevista, o deputado insistiu na importância da investigação e disse que segue se empenhando em provar o envolvimento do PSDB.

Ao ser indagado por que não estava participando dos trabalhos do dia, na CPI, o petista revelou outra novidade: saiu não só da vice-presidência, mas também da CPI.

– Sigo investigando por conta própria, como deputado. Não podemos admitir uma investigação só no PT.

O deputado entregou para a imprensa a lista que lhe custou o cargo na CPI. Disse que ela era de responsabilidade de Nilton Antônio Monteiro, que a repassou aos deputados estaduais do PT do Rio de Janeiro, Alesssandro Molon e Gilberto Palmares. Os dois encaminharam o documento ao presidente da CPI dos Correios, Delcídio Amaral (PMDB), no dia 25 de julho. A lista foi considerada sem valor pelo presidente da CPI do Mensalão, Amir Lando, (PMDB).

Sobre o pedido de abertura de processo de cassação, que está sendo avaliado pela corregedoria da Câmara, Pimenta acredita que dificilmente perderá o mandato:

– Não vejo como alguém que investiga crimes e delitos cometidos por parlamentares possa ser punido por ter cometido um excesso. Tem coisa muito mais grave acontecendo.

Sobre a responsabilidade da cúpula do PT em ter feito um esquema de financiamento irregular da campanha do partido, Pimenta previu que o ex-tesoureiro Delúbio Soares deve ser expulso do partido, provavelmente neste domingo.

– Tudo leva a crer que ele será expulso. Mas temos de cumprir os prazos do regimento e dar direito a defesa, se não seria muito autoritário.

Indagado se o ex-presidente José Genoino e o ex-ministro José Dirceu também poderiam ser expulsos, Pimenta preferiu não arriscar prognóstico. Apenas afirmou, evasivamente, que todos os envolvidos devem ser punidos. Nos 45 minutos que respondeu perguntas, o deputado não se exaltou.

Ao final, convidou a todos para participar de uma plenária sobre seu mandato que aconteceria no salão ao lado, decorado com banners de sua última campanha a deputado. Afinal, ano que vem tem eleição.

CARLOS DOMINGUEZ/DIÁRIO DE SANTA MARIA

 
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