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 | 14/08/2005 22h03min

Relatório da PF indica que Duda recorreu a conta offshore em 1999

Ao contrário do que disse à CPI, publicitário movimentou contas nas Ilhas Virgens antes de 2003

O publicitário Duda Mendonça pode não ter dito toda a verdade quando, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérido dos Correios, afirmou que recorreu à conta de uma offshore no exterior pela primeira vez em 2003 e por exigência do empresário Marcos Valério de Souza Fernandes.

Relatório reservado do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal informa que entre 1997 e 2000, Duda e a sócia, Zilmar Fernandes, fizeram transações de US$ 1,6 milhão com a Agata Internacional, empresa off-shore nas Ilhas Virgens Britânicas administrada pelo doleiro Roger Clement Haber. O publicitário afirmou que abriu em 2003 a Dusseldorf, uma offshore com sede nas Bahamas, para receber R$ 10 milhões de Valério como pagamento de uma parcela da dívida de campanhas eleitorais do PT com Duda.

Contudo, o relatório da PF enviado ao Supremo Tribunal Federal na sexta mostra que ele e Zilmar vinham fazendo transações com a Agata Internacional há pelo menos oito anos. Segundo o documento, que também se encontra na base de dados do caso Banestado, Duda fez, a partir de uma conta no Banco de Boston, nove ordens de pagamento para uma conta da Agata, no MTB Bank, de Nova York. A primeira remessa, de US$ 90 mil, foi registrada no dia 19 de maio de 1999. A última, contabilizada no dia  30 de maio de 2000, foi de US$ 49 mil.

Os peritos da PF descobriram 13 ordens de pagamento e recebimento em uma conta em nome de Zilmar, no Banco de Boston, e a Agata Internacional. Ao todo, eles fizeram negócios da ordem de US$ 909,4 mil. Em 28 de fevereiro de 1997, US$ 150 mil saíram da conta de Zilmar e caíram na conta da Agata. Esta foi a primeira das ordens de pagamento da sócia para a conta offshore da empresa.

A Agata também fez pelo menos três transferências para a conta de Zilmar: a primeira, de US$ 19,4 mil, no dia 10 de junho de 1998; e a última, no dia 18 de dezembro do mesmo ano, no valor de US$ 97,1 mil. As transações chamaram a atenção da polícia porque obedecem ao mesmo padrão de remessas ilegais para o Exterior por meio de um sistema conhecido como dólar-cabo, operado por doleiros.

Pelo mecanismo, quem quer mandar dinheiro para outro país sem declará-lo ao Banco Central e à Receita Federal deposita a quantia na conta de um doleiro no Brasil. No mesmo instante, em uma operação casada mas sem ligação formal, o doleiro faz o depósito da mesma quantia  na conta do interessado no Exterior.

Pelas investigações da CPI do Banestado, o MTBank era uma das principais bases de operação de um sistema internacional de lavagem de dinheiro. A Agata Internacional também esteve na mira da CPI do Banestado. Pelos cálculos da extinta comissão, a empresa movimentou US$ 600 milhões no MTB Bank de 1997 a 2003. A partir desta data, o MTB Bank foi incorporado pelo Hudson Uniteds Bank e a Agata teria sido fechada.

A PF pretende agora aprofundar as investigações sobre essas movimentações, inclusive com a ajuda do FBI, a agência de investigação norte-americana. Procurados na noite de sexta, Duda e Zilmar não responderam aos recados deixados nas caixas postais de seus telefones celulares.

As informações são de Zero Hora.

 
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