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 | 05/08/2005 07h29min

Tarso diz que partido deve fazer confissão

Presidente do PT falou sobre comprovação que sigla recebeu dinheiro de Valério

Em decorrência da multiplicação de revelações sobre receitas e gastos eleitorais não-declarados, o PT deveria fazer uma confissão à Justiça Eleitoral e pedir correção nas contas de campanha apresentadas. A sugestão foi dada ontem pelo presidente nacional do partido, Tarso Genro.

Escalado para presidir o PT em meio à crise política, Tarso sugeriu a confissão ao ser informado de que o ex-tesoureiro do diretório estadual Marcelino Pies admitiu ter recebido dinheiro de uma empresa de Marcos Valério para pagar dívidas de campanha. Mas fez um alerta:

– Isso se o que a imprensa relata sobre o Marcelino for verdade.

Tarso considera que, se algum integrante do partido conseguiu contribuições irregulares depois das eleições e tem recibos que possam comprovar isto, deve apresentá-los na Justiça Eleitoral. O ex-ministro da Educação diz que é uma boa oportunidade para criar uma "cultura da declaração".

– Se o Delúbio Soares criou uma rede de financiamento "alternativo" que ficou fora de controle, é hora de legalizar isso – propôs.

A gráfica Impresul disse o cheque de R$ 75 mil recebido da empresa de Marcos Valério pagou um serviço contratado pelo PT nacional em 2000. Naquele ano, Tarso foi candidato a prefeito de Porto Alegre e também usou a gráfica. Ele ressalta que Pies não foi seu tesoureiro de campanha, não conhece Paulo Bassotto e se relaciona com Jorge Garcia apenas como advogado simpatizante do PT.

– Minhas contas como candidato em 2000 foram apresentadas, aprovadas e encerradas. Nunca ouvi falar de pagamentos posteriores e acho muito estranho alguém se dispor a pagar contas de um partido, três anos depois de contrair dívidas com ele – enfatiza Tarso.

O deputado estadual do PT Estilac Xavier se valeu do recurso de atribuir a Delúbio a culpa pelas transações. Estilac garante que o PT não se relaciona diretamente com Valério. Da mesma corrente de Pies, a Ação Democrática, o deputado estadual Ivar Pavan lembra que a culpa não pode ficar restrita ao colega de tendência:

– Uma coisa eu tenho dito: no Estado, nenhum dirigente toma atitude de forma isolada, em ações individuais. São decisões da direção partidária.

As informações são do jornal Zero Hora.

Perguntas sem respostas
Por que o ex-tesoureiro do PT gaúcho Marcelino Pies precisou ir a Belo Horizonte buscar dois cheques da SMP&B para pagar contas do PT nacional no Rio Grande do Sul se o pagamento das duas gráficas poderia ter sido feito diretamente pelo diretório nacional do partido?
Escalado para ir a São Paulo em busca de socorro financeiro junto ao PT nacional, por que Pies aceitou buscar cheques que não serviriam para pagar dívidas que eram de responsabilidade do PT gaúcho?
O empresário Marcos Valério informou ter repassado R$ 1,2 milhão ao PT gaúcho. Por que as versões apresentadas ontem pelo partido admitem o recebimento de apenas R$ 350 mil?
Por que Pies aceitou trazer dois cheques de R$ 75 mil cada para o Rio Grande do Sul sem contestar a origem do dinheiro e o fato de estar sendo emitido por uma agência de publicidade de Minas Gerais?
Por que Paulo Antônio Bassotto trazia milhares de reais em cédulas dentro de uma mala, quando foi preso, se o pagamento poderia ter sido feito em cheque, como ocorreu no caso de Pies?
Por que Garcia garante que Bassotto carregava R$ 150 mil quando foi preso se Bassotto assinou um recibo de R$ 200 mil à SMP&B?
Dívidas de campanha se tornam dívidas do partido
Em princípio, dívidas contraídas durante a campanha eleitoral para eleição majoritária se tornam compromissos das legendas após o encerramento do período eleitoral, diz o desembargador e ex-presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) Alfredo Englert.
Depois da prestação de contas à Justiça Eleitoral e da extinção do comitê eleitoral, um dono de gráfica que produziu santinhos para um candidato a governador, por exemplo, irá bater na porta do partido em busca do pagamento ou, em último caso, da Justiça Comum. Entretanto, Englert lembra que é preciso verificar se o comitê eleitoral e o tesoureiro da campanha têm autorização do partido para fazer gastos em nome da sigla e a extensão desta permissão.

 
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