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 | 04/08/2005 20h07min

Roberto Jefferson se volta novamente contra Dirceu

Deputado do PTB disse que ex-ministro é o maior mentiroso que conheceu

Em seu depoimento hoje na CPI do Mensalão, o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) voltou a centrar fogo contra o deputado José Dirceu (PT-SP). Se dois dias antes o petebista admitiu de forma irônica que tinha medo do ex-ministro porque lhe provocava os instintos mais primitivos, dessa vez ele não poupou o petista.

Disse que, na prática, Dirceu era o chefe de governo e por isso sabia de todo o esquema de corrupção e de compra de votos de parlamentares. Como o ex-ministro tem negado tudo, Jefferson disse que Dirceu é o maior mentiroso que ele já conheceu.

Nos novos ataques, Jefferson disse que Dirceu pode ter induzido o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a erro no episódio. E reafirmou que o ex-ministro da Casa Civil foi alertado sobre o mensalão, mas teria preferido proteger Delúbio Soares, atualmente tesoureiro licenciado do PT, e Sílvio Pereira, ex-secretário-geral do partido. Por isso, segundo o petebista, Dirceu mente ao dizer agora que não sabia de nada:

– Falei como o Zé Dirceu e disse que aquilo (o mensalão) era uma estupidez, uma loucura. Então ele me disse: 'Temos que ver o Delúbio e o Silvinho'. A preocupação dele não era conosco, era só com o Delúbio e o Silvinho. Ele (Dirceu) não é leal aos amigos, não tem coração, é cerebrino, e mente, mente, mente. É o maior mentiroso que eu já conheci – acrescentou.

Jefferson afirmou que foram conversas travadas na Casa Civil com o então ministro que o levaram a concluir que Dirceu era o chefe do esquema de distribuição de cargos públicos e de montagem da base do governo. Segundo o petebista, as chamadas "conversas não-republicanas" se repetiam com a freqüência de quem estava confiante de que detinha o poder. E desafiou os parlamentares:

– Tente traçar qualquer conversa destas com a (ministra) Dilma Rousseff para ver se não vai ser posto para correr de lá do gabinete da Casa Civil? Ou vai preso. Nunca ele (Dirceu) como chefe da Casa poderia tê-las ali. Poderia ter feito reuniões na sede do partido, por exemplo. Tente fazer este absurdo àquela mulher honrada que está lá na Casa Civil? – questionou Jefferson.

Por diversas vezes, Jefferson voltou a afirmar que continua convencido de que Lula é "integro e inocente".

– O Lula é um estadista e buscou liderar o sentimento do povo na América do Sul. Ele se dedicou muito mais a ser chefe de estado do que chefe de governo. Nós vivemos, de fato, um parlamentarismo na prática, ele delegou a administração de governo ao deputado José Dirceu para ser nosso chefe de estado. Ele (Lula) é o nosso 'relações públicas', é festejado em todos os lugares do mundo. É assim que eu vejo o presidente Lula, íntegro e inocente. As coisas vêm chegando a ele agora de maneira que o surpreendem – defendeu Jefferson.

O deputado petebista disse que o ex-ministro da Secretaria de Comunicação e atual secretário de Gestão Estratégica, Luiz Gushiken, estava constantemente envolvido com as decisões do ex-chefe da Casa Civil nas negociações pela ocupação de cargos de confiança, inclusive para Furnas. Questionado sobre o que quis dizer quando afirmou que Dirceu "não agia sozinho", Jefferson afirmou:

– Quando eu digo que há um 'núcleo duro' do governo, um grupo que é responsável pela organização administrativa do governo, questiono como Dirceu misturou Secom (Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica) para gerenciar fundos de pensão coordenados pelo ministro (Luiz) Gushiken. Quando digo que Dirceu não está só, digo que Gushiken está com ele – afirmou.

Ao comentar a denúncia da deputada Raquel Teixeira (PSDB-GO) de que o líder do PL, Sandro Mabel, ofereceu a ela dinheiro e mensalão para deixar o PSDB e ingressar no PL, Jefferson atribui a esse "mecanismo" o crescimento de alguns partidos da base. E afirmou que, por intermédio de Dirceu, o PTB ganhou quatro deputados, ressaltando que eles não receberam dinheiro para mudar.

– Por ação direta dele (Dirceu), três do PSDB e um do PSB. Dissolvemos os diretórios regionais e abrimos o partido na base. Como o PTB era um partido de centro próximo ao poder, o deputado que saísse do PFL ou do PSDB não tinha como ir ao PT, nem o PT aceitava. O que nós fazíamos? Recebíamos essas bancadas, abrindo o diretório regional e dando aos deputados que chegavam ao partido o comando das executivas regionais do PTB – explicou o deputado.

As informações são da Agência O Globo.

 
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