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 | 03/08/2005 14h46min

Simone nega estar arrependida e confirma empréstimos ao PT

Diretora financeira diz que Duda Mendonça foi um dos beneficiários dos recursos

A funcionária da agência SMP&B que, de acordo com a secretária Fernanda Karina Somaggio, ficava cansada de contar dinheiro relatou hoje à CPI dos Correios que começou os saques no Banco Rural em janeiro ou fevereiro de 2003 e que os empréstimos destinados ao PT já estavam em andamento nessa época. Diferente da mulher de Marcos Valério, Renilda de Souza, que depôs na semana passada, a diretora financeira da SMP&B, Simone Vasconcelos, mostrou-se segura e não derramou sequer uma lágrima.

– Não me arrependo, sou grata ao meu emprego e ao Marcos Valério – disse, acrescentando que o que fez foi por determinação de seu patrão.

Simone confirmou que o empresário Marcos Valério realizou empréstimos de mais de R$ 50 milhões para o PT e que ela teria providenciado a documentação para a operação, mas negou que tenha ocorrido distribuição de dinheiro em malas.

Além disso, ela afirmou que o publicitário Duda Mendonça, responsável pela campanha vitoriosa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi um dos beneficiários dos recursos levantados pela agência para o PT, recebendo R$ 15 milhões para "acertos de campanha". Ao ser perguntada se seria para a eleição de Lula, a diretora financeira afirmou não ter conhecimento.

Simone Vasconcelos declarou que Valério não havia feito comentários sobre membros do governo que tivessem conhecimento das transações. Ela foi enfática ao dizer que "a única pessoa que está envolvida nisso tudo é Delúbio Soares". A diretora financeira negou que conheça o ex-ministro José Dirceu, o ex-tesoureiro do PT Silvio Pereira e o ex-presidente do partido José Genoino:

– Mas conheço o senhor Delúbio – disse, relatando que foi a sede do PT em São Paulo com Valério para uma reunião com o ex-tesoureiro.

Ela acrescentou que não participou do encontro, teria aguardado o término da conversa na copa da sede do PT. Na primeira parte de seu depoimento, Simone Vasconcelos apresentou ainda uma lista com 12 nomes que teriam recebido dinheiro diretamente de suas mãos, entre eles João Cláudio Genu, assessor do deputado José Janene (PP-PR), e o deputado José Borba (PMDB-PR). A diretora financeira da SMP&B confirmou ainda que autorizou Roberto Marques a fazer saques das contas da agência, mas não disse se era o assessor de José Dirceu. 

Responsável pela área financeira da empresa, Simone Vasconcelos declarou, depois de muita insistência do relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que o faturamento da agência foi de R$ 110 milhões em 2004, sendo o lucro de R$ 20 milhões. Não soube explicar, entretanto, por que a movimentação financeira da SMP&B foi de mais de R$ 600 milhões, e mesmo diante de apelo de Serraglio, que irritado, pediu a ela que prestasse esclarecimentos e ajudasse a CPI, ficou calada.

A diretora financeira também relatou como funcionava o esquema para a entrega do dinheiro aos parlamentares e assessores. Para alguns, ela sacava os valores e entregava dentro da agência, sempre sem exigir recibo. Algumas vezes, o Banco Rural chegou a oferecer "uma salinha" para que fizesse o repasse. Depois de algum tempo, o procedimento não foi mais necessário.

– Os funcionários já conheciam as pessoas, eu deixava o nome anotado (do beneficiário) no verso da autorização (para ela, Simone, sacar) e o banco pagava. Por isso há muitos saques em meu nome – explicou.

Em seus relatórios fiscais mensais da SMP&B, explicou, Simone Vasconcelos sempre anotava a entrada de recursos como "empréstimos" e as saídas como "empréstimos ao PT". Questionada pelo relator sobre problemas com o fisco, ela não respondeu, mas anunciou que na próxima segunda, a Receita Federal fará fiscalização na empresa. A depoente também afirmou só conhecer a queima das notas fiscais da DNA pela imprensa – por estar de férias.

Ao término das indagações do senador Demóstenes Torres (PFL-GO), o clima ficou tenso. O parlamentar perguntou incisivamente se Simone esteve com uma cafetina chamada Jane no 14º andar do hotel Grand Bittar para fazer um pagamento por serviços prestados em festas para parlamentares.

– Não tenho noção disso que o senhor está falando – disse ela.

Com informações da Agências O Globo e Senado.

 
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