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 | 05/07/2005 22h51min

Lange alega sigilo e não confirma denúncias

Agente da Abin frustrou expectativa dos parlamentares

O depoimento do agente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Edgar Lange na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista dos Correios não trouxe as informações esperadas pelos parlamentares. Depois de ter o pedido para que fosse ouvido em caráter sigiloso rejeitado pelos membros da CPI, Lange deixou de fornecer detalhes sobre o trabalho realizado nos Correios alegando sigilo profissional.

O servidor citou a lei de criação da Abin para justificar o seu receio de ser enquadrado em delito penal caso divulgasse o resultado de atividades consideradas secretas. Lange teria avisado o ex-agente do Serviço Nacional de Informações (SNI) José Fortuna Neves, ouvido pelos parlamentares durante a noite, sobre a participação da Casa Civil nas investigações de corrupção nos Correios.

O agente da Abin admitiu que, em abril deste ano, recebeu ordem superior para colher informações sobre possíveis irregularidades na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. A ordem teria sido dada pelo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, que comanda as atividades da Abin, devido a uma denúncia anônima sobre o assunto.

Lange admitiu que encontrou o ex-agente do SNI José Fortuna Neves no início do ano, e vinha mantendo encontros com ele para obter informações sobre empresas de informática. Durante esses encontros, descobriu que Fortuna tinha conhecimento da situação dos Correios, por isso começou a utilizá-lo como fonte também no trabalho sobre a empresa. Segundo Lange, Fortuna demonstrou raiva contra alguns dos envolvidos em atos de corrupção, como Maurício Marinho, e grande preocupação depois das denúncias da revista Veja sobre a gravação. Por isso, o agente acha que Fortuna poderia estar envolvido na gravação.

Apesar de admitir os contatos freqüentes com Fortuna, Lange declarou que não sabia das gravações. Lange disse que as análises foram iniciadas depois de uma denúncia anônima. Pressionado pelo senador César Borges (PFL-BA) sobre o fato de uma denúncia anônima ter motivado o trabalho da agência, ele admitiu que muito raramente esse tipo de denúncia é ponto de partida para o trabalho da Abin, mas que a decisão final cabe ao diretor-geral do órgão.

O senador também perguntou se o fato de Edgar Lange ter repassado o resultado de seu trabalho às autoridades não indicaria a existência de crime de responsabilidade, uma vez que nada foi feito sobre a situação. O funcionário disse que informou o diretor de seu departamento sobre o resultado, mas não sabe se as denúncias chegaram ao conhecimento de autoridades.

Os relatórios que Lange teria produzido sobre os Correios foram publicados nos meses de abril e maio, quando ele afirma ter recebido ordem do diretor da Abin para suspender o trabalho. O agente informou à CPI que todos os relatórios poderão ser enviados em caráter sigiloso à comissão. Segundo ele, os documentos comprovam que havia um conflito empresarial em relação às licitações dos Correios, mas sem caráter político.

As informações são da Agência Senado.

 
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