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 | 22/05/2005 14h45min

PT aprova resolução contra adesão a CPI dos Correios

Dezenove deputados petistas assinaram o pedido de CPI

A direção nacional do PT aprovou na noite deste sábado, 21, uma resolução que orienta seus parlamentares a não endossarem o pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar um suposto esquema de corrupção nos Correios.

Dezenove deputados petistas – contrariando o desejo do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva – assinaram o pedido de CPI. O total de assinaturas de parlamentares ultrapassou o mínimo necessário para a criação da comissão, que deve ser formalizada na próxima quarta.

O texto da resolução do Diretório Nacional – aprovado por 47 dos 70 votantes – não fez menção direta aos parlamentares que já assinaram, mas, segundo o presidente do PT, José Genoino, "à medida que o diretório nacional decide que não deve endossar o pedido de CPI, isso vale tanto para quem já assinou como para os que porventura queiram assinar".

De acordo com Genoino, trata-se de uma decisão política e, portanto, o partido não punirá os petistas que venham a apoiar a CPI – cuja iniciativa é da oposição.

– Vamos trabalhar na base do convencimento, da argumentação – afirmou Genoino após uma reunião do Diretório Nacional.

Para o líder do governo na Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (SP), "é difícil (reverter a abertura da CPI). Mas possível é".

O governo e a ala moderada do PT – que representa a maioria no partido – consideram que a CPI é desnecessária porque o Ministério Público, a Polícia Federal e outras instituições já investigam o caso, denunciado no final de semana passado. Eles consideram também que a CPI vai se transformar num palanque eleitoral para a oposição atacar o governo Lula.

– O objetivo da CPI é paralisar o governo, é desestabilizar o governo – afirmou o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, durante um discurso inflamado no encontro.

Dirceu atacou principalmente o PSDB e acusou o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, de ter barrado a abertura de mais de 40 CPIs ao longo de seu governo. Dirceu ainda atacou a suposta intenção da oposição de ampliar a CPI para outras estatais e criticou a reportagem da revista Veja desta semana, segundo a qual um interlocutor do ministro teria ouvido dele que, caso a CPI dos Correios fosse adiante, o secretário-geral do PT, Silvio Pereira, e o tesoureiro Delúbio Soares poderiam ser atingidos.

– CPI dos Correios é uma coisa... agora essa tentativa de me envolver, de envolver o companheiro Silvio Pereira e o companheiro Delúbio Soares e de envolver as empresas estatais tem outro caráter. Chega a beirar o golpismo.

Mas, para parlamentares da esquerda petista, o pedido do diretório para que parlamentares não endossem a CPI é um "tiro no pé".

– Isso pode se transformar num álibi para que a oposição insinue que estamos com algum receio de investigar – disse o deputado Ivan Valente (SP).

A CPI pretende investigar um suposto esquema de corrupção nos Correios que envolve o PTB, partido aliado ao governo. O caso veio a público por meio de uma fita de vídeo divulgada pela imprensa em que um ex-funcionário dos Correios negocia propina com representantes de uma empresa. Na fita, o funcionário envolve o presidente do PTB, Roberto Jefferson.

As informações são da agência Reuters.

 
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