Em encontro inédito de lideranças dos partidos de oposição com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na manhã desta quarta, dia 18, em que participaram também parlamentares da base do governo, o ponto mais delicado da conversa foi a corrupção. Os partidos reclamaram que as denúncias de esquema de propina nos Correios, envolvendo membros de legendas aliadas ao Planalto, e outros escândalos recentes, têm efeito negativo não apenas sobre o Congresso, mas também sobre o próprio Lula.

O encontro serviu para aproximar forças políticas e mostrar que o presidente, de fato, retomou o controle da articulação política. Além de 27 parlamentares, estavam presentes o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo (PCdoB), e o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE).

– Falamos ao presidente que há uma crise crescente de redução de credibilidade das instituições políticas, acentuada pelos fatos ocorridos na última semana e que estão gerando uma gradual perda de representação. Afirmamos também que se a Câmara tivesse de cortar a sua própria carne, tínhamos de fazê-lo – resumiu Rodrigo Maia (RJ), líder do PFL na Casa.

Maia e outros líderes relataram que a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o suposto esquema de corrupção nos Correios, dada como certa, não foi tocada nominalmente. O caso envolve o presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), aliado do Planalto.

O vice-presidente da Casa, deputado José Thomaz Nonô (PFL-AL), o primeiro a falar depois de Lula e Severino, reclamou da crise de imagem do Parlamento e lembrou a situação política no período inicial da redemocratização, quando os eleitores, cansados da política até então vigente, impuseram ao Congresso um índice de renovação superior a 70 por cento. Lula concordou com os relatos e mencionou a necessidade de investigar o caso dos Correios.

Sem falar em CPI, fez questão de elogiar o trabalho da Polícia Federal mas investigações de denúncias de corrupção, inclusive aquelas envolvendo pessoas do governo.

– Foi uma forma sutil de dizer que a Polícia Federal se basta para solucionar o problema das investigações. Ficou claro que as denúncias prejudicam a imagem do presidente da República, do governo e do Congresso e precisamos tomar nossas providências – observou o líder da minoria, José Carlos Aleluia (PFL-BA).

As informações são da Reuters.