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 | 19/03/2005 00h33min

PF pode investigar possível ligação entre Citigroup e Kroll

Caso envolveria espionagem eleitoral

A Polícia Federal informou nesta sexta, 18, que pode investigar se o Citigroup se beneficiou de informações obtidas ilegalmente em um escândalo de espionagem industrial que envolve seu recém-demitido gerente de fundos no país e a maior companhia telefônica da Itália.

Documentos publicados nesta sexta pelo jornal Folha de São Paulo dão a entender que o Citigroup sabia que a Brasil Telecom Participações – empresa da qual é investidor – contratou a empresa norte-americana Kroll para investigar a Telecom Italia.

A PF suspeita que a Kroll usou meios ilegais para espionar executivos da Telecom Italia e representantes do governo. A PF fez buscas em escritórios da Kroll em outubro. Um porta-voz da PF disse que se ficar provado que o Citigroup se beneficiou das informações obtidas ilegalmente – por meio de grampos telefônicos, por exemplo –, haverá uma investigação sobre o papel do conglomerado financeiro norte-americano no escândalo.

Questionada sobre as cartas publicadas na Folha, uma assessora de imprensa do Citigroup disse que o banco só foi informado das investigações da Kroll depois que a empresa foi contratada pela Brasil Telecom. 

– O Citigroup não teve nenhum envolvimento na contratação, supervisão ou remuneração da Kroll, disse ela, lendo uma nota à imprensa.

A batalha entre Dantas, o seu fundo Opportunity e a Telecom Italia ganhou novos rumos na semana passada, quando o Citigroup o demitiu do cargo de administrador do fundo de gestão.

A Folha baseou sua reportagem em duas cartas que obteve e que publicou em sua edição desta sexta. A agência Reuters obteve a cópia de uma das cartas na qual Frank Holder, vice-presidente do grupo de serviços em consultoria da Kroll, informava Richard Swanson. da empresa de advocacia norte-americana Thelen, Ried & Priest, que ele se reuniu com dois executivos da Citibank Venture Capitals em janeiro de 2004 para discutir "as descobertas (da Kroll) com relação à Telecom Italia".

A Folha descreveu Swanson como advogado da Brasil Telecom. Swanson, classificado no web site do Thelen, Ried & Priest LLP como co-presidente de litígios corporativos e relacionados a mercados financeiros, na tradução aproximada para o português, se recusou a comentar. A Kroll também se recusou a comentar sobre as cartas, mas disse anteriormente que foi contratada pela Brasil Telecom para investigar a Telecom Italia, acionista minoritária da operadora brasileira, que é acusada pela direção da Brasil Telecom de agir contra seus interesses.

A Kroll também negou ter investigado qualquer representante do governo e ter agido contra a lei durante as investigações. Nenhum representante da Brasil Telecom estava disponível para comentar o assunto.

Até a semana passada, a Brasil Telecom era controlada efetivamente pelo banqueiro Daniel Dantas e sua empresa, o Opportunity, que havia sido contratado pelo Citigroup para administrar sua unidade de capital de risco no Brasil. Mas segundo analistas, o escândalo envolvendo a disputa de Dantas pelo controle da Brasil Telecom levou o Citigroup a dispensá-lo em 10 de março. Dantas contestou a decisão, mas nesta quinta recebeu ordens da Justiça Federal dos Estados Unidos para apresentar documentos que, na prática, formalizam sua remoção.

Analistas de telecomunicações prevêem que o banco norte-americano, que enfrenta vários problemas com as autoridades reguladoras nos EUA e no Exterior, após uma série de escândalos constrangedores, acabará vendendo sua participação na Brasil Telecom e em outras empresas de telefonia mantidas pelo fundo.  A Telecom Italia é considerada a compradora mais provável.

As informações são da agência Reuters.

 
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