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 | 05/03/2005 16h20min

Aeroportos são maior temor do Brasil sobre a gripe do frango

Pontos internacionais de desembarque poderão ter detector de matéria orgânica

O risco de a gripe aviária, também chamada de gripe do frango, entrar no Brasil pelos aeroportos internacionais é uma das maiores preocupações das autoridades do governo e do setor privado brasileiros, disseram especialistas. O Brasil se tornou o maior exportador mundial de carne de frango após casos recentes de gripe aviária na Ásia, Europa e Estados Unidos, embarcando em 2004 mais de 2,4 milhões de toneladas para 134 países, com faturamento de US$ 2,6 bilhões.

– Hoje a minha maior preocupação está relacionada aos aeroportos, possibilidade de estrangeiros trazerem o vírus (da influenza aviária) de algum país da Ásia para o Brasil – afirmou Egon Vieira da Silva, o coordenador do Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA), do Ministério da Agricultura.                                 

No Brasil a gripe aviária, causada por um vírus com alto poder de transmissão, é considerada exótica pela Organização Internacional de Epizootias (OIE). O mais recente surto da gripe foi registrado no Vietnã no início deste ano. Ao todo o vírus já matou 47 pessoas na Ásia e provocou o sacrifício de milhões de aves em vários países.                                 

– Seria uma catástrofe se tivéssemos um problema desse tipo no país. Nossas exportações cairiam, haveria sobreoferta no mercado interno, redução de consumo, e o preço do frango teria queda – afirmou Ariel Mendes, diretor-técnico de sanidade avícola da União Brasileira da Avicultura (UBA).                                 

Para se precaver contra a influenza aviária, as autoridades do país planejam reforçar a fiscalização em aeroportos. O coordenador do PNSA se reuniu esta semana com representantes da Infraero, estatal responsável pela administração dos aeroportos, para definir como será reforçada a segurança nessas áreas de risco. Silva disse que o país planeja implantar detectores de matéria orgânica nos aeroportos internacionais. O sistema seria também uma barreira contra ações de bioterroristas.

O diretor-técnico da UBA ressalta que atualmente é praticamente impossível um estrangeiro visitar uma granja sem antes ser submetido a um período de 72 horas de quarentena. Ele destacou também que resíduos alimentares de aeroportos são incinerados com o objetivo de evitar contaminação – na década de 70, quando não havia a incineração, a suinocultura do Rio de Janeiro foi afetada pela peste africana trazida do exterior.                                 

Outra medida de contingência prevista é a implantação no prazo de até 18 meses da chamada "regionalização da avicultura", uma proposta que conta com o apoio da UBA e da Abef (Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos). A medida teria como objetivo evitar possíveis prejuízos para o país, na hipótese de ser registrado no futuro algum foco da gripe aviária.                                 

– Com a regionalização, cada Estado seria independente. Isso manteria um problema sanitário isolado dentro de uma região. No caso de haver algum problema sanitário, as exportações dos Estados livres da doença não seriam prejudicadas – explicou Silva.                                 

A regionalização da avicultura, em um país de dimensões continentais como o Brasil, restringiria a circulação de aves reprodutoras e poedeiras entre Estados.

– Atualmente aves poedeiras saem de Estados do Sul e vão ser vendidas lá no Nordeste. Isso não mais seria permitido em caso de regionalização. Deveremos ser os primeiros a implantar um programa desse tipo no mundo. É claro que todo um trabalho internacional precisa ser feito, para que o mercado mundial aceite essa regionalização, como já acontece com a febre aftosa dos rebanhos bovinos.

As informações são da agência Reuters.

 
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