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 | 25/02/2005 15h24min

Lessa diz que Lula nunca pediu para esconder corrupção

Ex-presidente do BNDES não poupou críticas à administração anterior

O economista Carlos Lessa, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nunca lhe deu qualquer ordem que fosse "contra a sua consciência" enquanto ele ocupou o cargo no banco.

– Se eu tivesse encontrado uma situação potencialmente, ou com indícios de corrupção, caberia comunicar ao Ministério Público, porque ele é que apura os fatos. Não é o presidente de uma instituição que faz isso, Quem faz isso é quem controla a técnica jurídica de controle comportamental dos gestores públicos que são o tribunal de Contas da União, o Ministério Público e as auditorias – disse.

Hoje, o senador Delcídio Amaral (MS), líder do PT na Casa, explicou as declarações de Lula, dadas quinta, dia 24, no Espírito Santo. O presidente contou, em Jaguaré, sem citar nomes, que, no início do governo, orientou um "alto companheiro" a não relatar publicamente "processos de corrupção" que ele encontrara na instituição cuja direção acabara de assumir. Amaral disse que, depois de conversar com o presidente e vários ministros, soube que Lula falava do BNDES, especificamente das privatizações do setor elétrico

– O presidente nunca me disse para tampar nada – afirmou Lessa.

O economista relatou o teor de sua comunicação sobre a situação do banco a Lula:

– Na ocasião, a imprensa sabe, porque eu falei abundantemente, em diversas situações, é que nós havíamos herdado um banco desviado de suas função históricas, que era o desenvolvimento, que tinha se convertido num banco de negócios, de compra e venda de ativos pré-existentes, ou seja, de privatizações mal realizadas do ponto de vista de técnica bancária e com garantias jurídicas insuficientes – disse.

O economista destacou que, em função dessa orientação, ele se defrontou em 2003 com esqueletos enormes", o maior deles de US$ 1,2 bilhão com a AES, que era controladora da Eletropaulo em São Paulo". Em outro ponto da entrevista, o ex-presidente do BNDES cita também como esqueleto os US$ 700 milhões da Cemig, "um dos quais ainda continua no BNDES".

Lessa esclareceu que, em nenhum momento, disse ou pensou que o BNDES estivesse em situação falimentar.

– Primeiro que não está, nunca esteve. Mas, em segundo lugar, por uma razão muito simples: o BNDES é sempre o centro do Tesouro Nacional, e dizer que o Banco estava em situação difícil era dizer que o Tesouro estava em situação difícil e que o governo federal estava em situação difícil, o que eu nunca poderia dizer – afirmou.

Carlos Lessa terminou a entrevista reafirmando as duas críticas que fez à administração anterior do país. Ele voltou a repetir o fato de que, nos anos 90, principalmente no segundo mandato de FHC, o BNDES foi desviado de sua missão histórica, que sempre foi a de apoiar a criação de novos empregos e de novas capacidades produtivas.

A segunda crítica, segundo Lessa, é a maneira como muitas das privatizações foram feitas.

As informações são da Agência Brasil.

 
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