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 | 18/02/2005 13h57min

Falta de água nas lavouras gaúchas já dura um ano

Estiagem prejudica produção agrícola, leiteira, de aves e de suínos

A seca que atormenta os gaúchos e produz perdas que já avançam os limites das lavouras, incluindo a pecuária, é tão lesiva porque o seu calendário é mais amplo do que se imaginava. Levantamento realizado pelo responsável técnico do Laboratório de Agrometeorologia da Fundação de Pesquisa Agropecuária do Estado (Fepagro), Ronaldo Matzenauer, revela que a estiagem começou em janeiro de 2004 e continua em todas as regiões gaúchas até hoje.

Na memória dos agricultores, a escassez de chuva teria começado em meados de dezembro. Para provar sua tese, Matzenauer faz um comparativo entre a quantidade normal de chuva e as precipitações dos últimos 13 meses. Por exemplo, de janeiro de 1994 até o mesmo mês deste ano, a quantidade de chuva nos municípios de Cruz Alta, Santa Rosa e São Gabriel só foi maior do que a média histórica em novembro passado. Nos meses restantes, sempre ficou abaixo.

O mesmo ocorre em Santa Maria (houve maior precipitação somente no mês de março de 2004). Em municípios de dois extremos do Rio Grande do Sul, Uruguaiana e Caxias do Sul, a chuva foi de maior intensidade em apenas dois meses dos 13 períodos analisados.

Por isso, a seca já não é um problema que atinge apenas o milho e a soja, as culturas mais prejudicadas ano passado. Tampouco se limita a regiões tradicionalmente afetadas, como Alto Uruguai, Missões e Planalto Médio. Chega ao Vale do Caí e à Serra, onde a presença de minifúndios faz com que muitos agricultores tenham perda total com os hortigranjeiros e o milho, a cultura mais prejudicada em todo o Estado.

No último levantamento da Emater os danos estimados da produtividade do milho chegam a 37,71% de quebra. Deverão ser colhidos 2.190 quilos por hectare ante os 3.516 quilos por hectare esperados inicialmente. Matzenauer diz que a perda estimada de 1,7 milhão de toneladas resulta em um prejuízo de R$ 502 milhões (R$ 284 a tonelada).

O quadro de penúria já é antigo: a quebra total no período de 1992 a 2005 é de a 9,5 milhões de toneladas, equivalente a R$ 2,8 bilhões. No rasto dos estragos deste grão, surgem perdas nas produções leiteira, de aves e de suínos.

JORGE CORREA/AGÊNCIA RBS
 
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