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 | 31/03/2004 16h47min

Para Bastos, nova fita indica conspiração contra o governo

Gravação mostra subprocurador pedindo fita a Carlinhos Cachoeira

A nova fita sobre o caso Waldomiro Diniz tem teor conspiratório contra o governo. A opinião é do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que disse nesta quarta, dia 31, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou "indignado" com o conteúdo da gravação.

– Aquela reunião, naquela madrugada, naquela calada, não visava a apurar os crimes cometidos por Waldomiro, visava a derrubar o ministro José Dirceu e o governo Lula – disse Bastos a jornalistas nesta tarde.

Na terça, dia 30, a mídia divulgou uma fita em que o subprocurador da República José Roberto Santoro interroga, em plena madrugada, o empresário do jogo Carlos Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Na gravação, Santoro solicita que Cachoeira entregue a fita de vídeo original em que Waldomiro, na época presidente da Loterj, pede dinheiro para si e para políticos. Essa fita de vídeo deu início à crise política envolvendo Waldomiro, que no governo foi subordinado ao ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu.

– Havia de fato, e a fita denota isso, uma espécie de conspiração – acrescentou Bastos.

Ao ser questionado se a ''conspiração'' de Santoro teria motivações políticas, o ministro disse que não faria "nenhum juízo de valor'' a esse respeito.

Durante a conversa divulgada na terça pelo Jornal Nacional, na emissora Globo, Santoro afirma a Cachoeira que o conteúdo da fita vai atingir Dirceu e diz temer ser acusado pelo procurador-geral da República, Claudio Fonteles, de querer prejudicar o governo.

O encontro entre os dois teria ocorrido em fevereiro, antes da divulgação do caso Waldomiro. Durante a conversa, Santoro ofereceu perdão judicial a Cachoeira em troca da fita em que Waldomiro pede dinheiro. Segundo Bastos, a lei exige que para se dar o perdão judicial a um réu é necessário que este tenha colaborado espontaneamente com as investigações, e não pressionado, como ocorreu.

– Saiu uma denúncia na qual estranhamente se propõe o perdão judicial ao senhor Carlos Cachoeira. Por quê? Por que ele teria colaborado espontaneamente? É só olhar a transcrição dessa fita para ver que não. Ao contrário, ele foi pressionado a noite inteira, até às três horas da manhã – disse.

Bastos chamou de ilegal a atitude de Santoro de interrogar o empresário do jogo Carlos Cachoeira.

O ministro afirmou, ainda, que Santoro não era o ''procurador natural'' do caso, já que seu cargo, de subprocurador-geral, se envolve nas investigações que estejam no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o que não era o caso.

– O governo considera o caso extremamente grave. Essa reunião teve claramente o conteúdo de conspiração – enfatizou.

As informações são da agência Reuters.

 
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