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Ferido, Vieira de Mello pediu permanência da ONU no Iraque

Entidade promete manter trabalho no país mesmo enviando parte dos funcionários de volta pra casa

Enquanto prestavam suas últimas homenagens ao diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, autoridades internacionais prometeram nesta sexta, dia 22, que seu trabalho da Organização das Nações Unidas (ONU) continuaria normalmente no Iraque. Viera de Mello era o representante da entidade no país árabe e foi uma das 24 pessoas mortas no atentado com caminhão-bomba realizado nesta terça contra a sede da ONU em Bagdá.

Na cerimônia realizada no aeroporto da cidade durante a colocação do corpo de Vieira de Mello dentro do avião da Força Aérea Brasileira (FAB), que o trará ao Rio de Janeiro, um dos colegas dele afirmou que o desejo do diplomata era que a ONU continuasse a operar no Iraque.

– Mesmo sofrendo dores muito fortes, debaixo dos destroços de seu gabinete, ele disse ao primeiro-sargento Von Zehle Jr, integrante da equipe que tentava resgatá-lo: 'Não deixem que eles acabem com a missão' – contou Benon Sevan.

Em mais um sinal da perseverante insegurança e violência no Iraque pós-guerra, as Forças Armadas dos Estados Unidos disseram que um homem armado matou a tiros nesta quinta um integrante do corpo de fuzileiros na cidade de Hilla (100 quilômetros ao sul de Bagdá). Os soldados norte-americanos são alvos diários de ataques de guerrilha, realizados desde abril, quando terminou a guerra no país. Mas tais ações perderam espaço na mídia nesta semana, depois do atentado contra a sede da ONU.

– Não seremos coagidos por nenhum ato de terrorismo – afirmou Paul Bremer, norte-americano encarregado de dirigir o Iraque ocupado.

O caixão de Viera de Mello foi envolto em uma bandeira azul da ONU antes de ser colocado dentro do avião da FAB. Dois tocadores de gaita de fole executaram a música "Amazing Grace". O avião deve parar em Genebra, na Suíça, para apanhar a ex-mulher e os dois filhos do brasileiro.

– Iremos superar isso. Iremos continuar nesse curso – disse Sevan, diretor do programa petróleo-por-comida, da ONU, responsável por suprir o Iraque com material de primeira necessidade durante o período em que o país esteve sob sanções.

Vieira de Mello, 55 anos, uma das principais autoridades da ONU, era considerado um potencial candidato ao cargo de secretário-geral da entidade. Ele trabalhou em muitos dos lugares mais problemáticos do mundo.

O jornal The New York Times disse na sexta que as investigações sobre o atentado trabalhavam com a possibilidade de os seguranças iraquianos do prédio da ONU terem ajudado os terroristas. Uma porta-voz da organização no Iraque não quis fazer comentários sobre essa hipótese. Um grupo antes desconhecido assumiu a responsabilidade pelo ataque, segundo o canal Al Arabiya, com sede em Dubai, no Catar. A estação de TV árabe afirmou que o grupo se chamaria Vanguardas Armadas do Segundo Exército de Maomé.

Autoridades norte-americanas disseram que partidários do regime de Saddam Hussein, presidente iraquiano deposto, ou extremistas islâmicos haviam realizado o atentado. A ONU tenta deixar claro que o caminhão-bomba não a fará abandonar sua missão na reconstrução política e econômica do Iraque e nem suas ações humanitárias no país. Mas está claro que o ataque a afetará, ao menos no curto prazo.

Cerca de metade dos funcionários da entidade em Bagdá deixará o Iraque até o final da semana, afirmou uma autoridade da ONU na Jordânia. Os funcionários feridos no atentado ou traumatizados com a ação terrorista tiveram autorização para deixar o país.

Os EUA e a Grã-Bretanha renovaram seus pedidos de ajuda no Iraque depois do atentado contra a ONU, com esperanças de que outros países mostrem-se mais dispostos a enviar soldados para a região. Mas as nações que se opuseram à guerra, como a França, a Alemanha e a Rússia, disseram que só enviariam seus militares para o território iraquiano se os norte-americanos e britânicos cederem o controle político do Iraque à ONU.

A morte do militar em Hilla eleva para 64 o número de soldados norte-americanos mortos no Iraque desde 1º de maio, quando o presidente dos EUA, George W. Bush, declarou encerrados os principais combates no país. As Forças Armadas também disseram que um outro soldado foi morto e mais seis ficaram feridos em um incêndio em um pequeno depósito de armas em Bagdá, nesta quinta.

As informações são da agência Reuters.

 
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